Há quatro cenários possíveis para o fim da guerra entre Hamas e Israel. Em todos eles, o grupo terrorista deixa de existir. Segundo André Lajst, presidente da StandWithUs Brasil, qualquer cessar-fogo que não contemple o fim do Hamas não soluciona o problema na faixa de Gaza.
“O Hamas não é a favor de nenhum tratado de paz”, explicou Lajst em palestra exclusiva no escritório da Nomos Investimentos na última terça-feira (31), usando como base o estatuto do grupo.
Para o grupo islâmico-político, conquistar o território da Palestina – que compreende Israel, Cisjordânia e Gaza – é uma questão de guerra santa. “Não há solução para a questão palestina, exceto por meio da Jihad”, diz o documento.
“É necessário incutir na mente das gerações muçulmanas que o problema palestino é um problema religioso e deve ser tratado com base nisso”, prossegue o artigo quinze do estatuto, conforme divulgado pela StandWithUs, organização educacional israelense. E “guerras religiosas não têm solução”, acrescentou Lajst.
O especialista, que atuou por dois anos na inteligência da força aérea israelense, na época do conflito contra o Hamas de 2012, acredita que todos os 20 líderes do Hamas serão mortos pela inteligência de Israel. “Isso vai acontecer eventualmente. Vai demorar alguns anos, os EUA demoraram dez anos para pegar o Osama Bin Laden.”
Uma vez o grupo terrorista derrotado, há quatro possíveis desdobramentos. “Dois são péssimos e dois são ruins”, analisa.
No primeiro, uma ocupação militar israelense ocupa a faixa de Gaza de forma total. Na segunda, há um vácuo de poder, e outros grupos paramilitares semelhantes ao Hamas podem tomar o controle da região. No terceiro, Israel transfere o poder gradativamente.
A solução “menos pior” seria uma força internacional formada por uma liga de países árabes assumir o controle do território. “O Hamas representa uma causa não justa que precisa ser rejeitada, ao mesmo tempo em que as pessoas precisam ter solidariedade com os palestinos”, justifica o especialista.
O conflito atual entre Israel e Hamas é o pior entre todos os outros anteriores. De acordo com André Lajst, é mais grave inclusive que a Guerra do Yom Kippur, de 1973, a qual envolveu uma coalizão de Síria e Egito contra Israel. Lá morreram soldados, agora morreram civis.
O atentado de 7 de outubro mexeu nas profundezas da estrutura social israelense. O país passou por um processo de quebra de contrato social severo com sua população, definiu o especialista. Se Israel foi criado para ser um lar seguro para os judeus, esse contrato foi quebrado a partir do assassinato brutal de centenas de pessoas dentro de suas casas.
Não apenas judeus foram mortos na invasão do Hamas. Além de judeus, muçulmanos e beduínos estavam entre as 1.400 vítimas. Há 2 milhões de árabes entre os 9,5 milhões da população de Israel.