“Como gestores, temos que ser capazes de entender o que é mudança conjuntural e o que é mudança estrutural.” Para André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, há mudanças estruturais em curso na economia global que abrem janelas para a ocupação de novas frentes pelo agronegócio brasileiro.
Enquanto a soja começa a ter estabilidade na curva, outras culturas foram pouco trabalhadas no Brasil e têm espaço significativo para crescer. De acordo com Guillaumon, cada vez mais há eventos disruptivos incrementando produtividade – entretanto, eles agregam cada vez menos yield (rendimento).
Milho é a nova soja
Assim como houve um salto de produtividade agrícola durante a Revolução Verde de 1960 e outro na década de 90, com o início da era dos transgênicos, os recentes eventos sanitários favoreceram um boom do milho brasileiro no mercado global, cuja tendência é só crescer.
Antes uma commodity de consumo nacional, o milho do Brasil teve suas avenidas abertas por um início das importações chinesas, comentou Guillaumon no Agro Summit, evento realizado pela Nomos Investimentos em 31 de julho.
A China não importava milho devido ao frete marítimo, mas mudou de postura por não conseguir atender toda a demanda interna. Ao invés de uma situação passageira, o início das importações exprime uma mudança na estrutura operacional do gigante asiático, retoma o CEO da BrasilAgro.
Ele exemplifica mencionando que o transgênico de milho era proibido na China há quatro anos. Hoje, não mais. Desde a gripe suína na Ásia, a cadeia de milho mudou – a mudança é na estrutura, no modelo de produção, e passa necessariamente pelo consumo de milho.
“O Brasil vai se posicionar nisso, não tenho dúvida.” O potencial de crescimento do milho é igual ou superior ao da soja.
Hoje, a produção nacional gira em torno de 110 milhões de toneladas por ano, saindo de 70 milhões do passado recente. Em termos de rentabilidade, o milho já compete com a soja, principal produto de exportação nacional.
Como o país não exportava a commodity há dez anos, o desafio hoje é logístico.
Trigo no cerrado
Guillaumon tem certeza quanto ao potencial do Brasil de ser um grande produtor mundial de trigo. Todavia, “talvez a gente não seja um grande produtor de trigo de qualidade ainda”, dada a necessidade de climas frios para melhor maturação do grão.
Ainda assim, a commodity preenche os requisitos para ser uma cultura do entressafras no Cerrado brasileiro, dadas as características hídricas, topografia e mesmo amplitude térmica do bioma.
Citando dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o CEO expressa: “tenho certeza que logo, logo, nós estamos produzindo 20, 30 milhões de toneladas de trigo também”.
Contextualizando
O atual patamar dos preços de commodities se encontra acima dos referenciais históricos, fruto da recente cadeia de pandemia, guerra e adjuntos, que trouxeram escassez e interrupção de fluxo para esse mercado.
“Commodities nada mais é, e sempre vai ser, oferta e demanda”, definiu Guillaumon, explicando que o estoque e demanda atualmente muito curtos automaticamente resultam em um mercado nervoso – mas não fora do comum. Afinal, “quem não viveu altos e baixos no agro, não viveu agro”.
O modelo de negócios da BrasilAgro consiste na compra e investimento em terras, a fim de torná-las produtivas e, então, vendê-las. O CEO descreve a companhia como uma empresa que combina estratégia operacional e imobiliária.
Promovido pela Nomos Investimentos
Executivos do agronegócio, gestoras de Fiagro e especialistas em linhas de crédito e seguros Agro compuseram os sete painéis do Nomos AgroSummit, que também contou com o lançamento da Carteira Max Agro, 100% voltada para o setor.
O Nomos AgroSummit é um evento da Nomos Investimentos, promovido exclusivamente para os clientes do escritório, com objetivo de conectá-los com todas as oportunidades do setor que mais cresce no Brasil.