Tudo que desce, sobe? Perspectivas para os fundos multimercado

multimercados 2024

Acumulando perda de R$ 134,3 bilhões em captação líquida, 2023 foi o pior ano para fundos multimercado desde o início da série histórica iniciada em 2006 pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Desde agosto do último ano, a classe tem visto apenas números negativos seguidos todos os meses, sempre se destacando como a pior queda entre fundos.

[Fonte: Anbima]
De acordo com Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, os fundos multimercado captaram tantos recursos nos anos anteriores a 2023 que os resgates acabaram tomando a mesma proporção conforme a Selic foi aumentando. Como consequência, os títulos bancários – CDB, LCI, LCA, LIG – acabaram se tornando mais atrativos, gerando fluxo migrante dos fundos para estes títulos. 

A última vez que a classe viu números positivos, em agosto, quando captou R$ 9,1 bilhões, segue a mesma razão, já que a taxa começou a ser cortada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) naquele mês, disse ele. 

[Fonte: Anbima]
“Na mesma época, aconteceu a divulgação de dados positivos de inflação nos Estados Unidos, gerando burburinhos sobre o início do ciclo de cortes no país, o que também afeta os fundos”, afirma.

O diretor explica ainda que, ao contrário dos fundos multimercado, os de renda fixa e ações voltaram a captar com maior facilidade no mesmo período, pois grande parte dos problemas que haviam acontecido no início do último ano, como a quebra das Lojas Americanas [AMER3] e problemas na Light [LIGT3], já não tinham mais o mesmo peso naquele momento.

E este ano, a queda continua?

Os fundos multimercado vão voltar a captar quando a taxa de juros americana começar a cair de uma forma mais acentuada, porque o movimento também irá ajudar na queda mais forte da Selic, pontua Saadia.

“Quando isso acontecer, esses fundos vão voltar a captar, porque a rentabilidade deles melhora muito quando a taxa de juros no mundo todo cai”, argumentou.

Lá fora, ele prossegue, há muitos gestores apostando na queda de juros e ela não está acontecendo. “A perspectiva também era de que começasse a cair agora em março, mas já mudou para o fim do ano”, ressaltou.

Vantagens nos fundos multimercado

Não estar preso a uma única classe de ativos é a maior vantagem destes fundos, pontuou o diretor. As ações, por exemplo, são cíclicas, variando diariamente entre ir bem e mal. A própria renda fixa não funciona bem com juros altos, enquanto os fundos multimercado não têm essa correlação. 

“E a renda fixa está começando também a ficar cíclica, não é? Há momentos que vão muito bem, e outros que vão muito mal”, indagou.

Casos como o de Americanas [AMER3] e Light [LIGT3] não afetariam o investidor, pois ele não estaria exposto à Bolsa, visto que este tipo de fundo não tem correlação com o cenário macro e as notícias do mercado, concluiu o especialista.

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