A Black Friday foi importada dos EUA pela primeira vez em 2010. Originalmente relacionada ao dia seguinte ao Thanksgiving Day – o Dia de Ação de Graças, dos EUA, celebrado sempre na última quinta-feira de novembro –, a Black Friday veio para o Brasil unicamente com a proposta comercial.
O varejo no país, que antes tinha um vácuo entre o Dia das Crianças e o Natal, ganhou um novo marco fixo no calendário para promoção de campanhas especiais. E, como acontece com todo estrangeirismo, o evento ganhou uma nova cara quando caiu nas mãos dos brasileiros.
A diluição das vendas ligadas à Black Friday foi nitidamente forte no ano passado, comenta Caroline Sanchez, da Levante Corp. Entretanto, segundo pesquisa da Cielo divulgada recentemente, tal antecipação das ofertas pelas varejistas tem pouca influência sobre o volume de vendas do período.
Por outro lado, a diluição traz para as companhias benefícios para a organização dos estoques e logística, consequentemente gerando menos transtornos para o consumidor.
Tudo é questão de estratégia. O diretor-chefe de vendas da administradora de varejo online Social Digital Commerce, Nicolas Fernandes, explica que muitas marcas trabalham campanhas do tipo “esquenta Black Friday”, na qual vão capturando potenciais clientes, para os quais enviam promoções exclusivas na data em si.
Bate o sino pequenino
A proximidade da Black Friday com o fim do ano obviamente leva consumidores a anteciparem muitas das chamadas compras de Natal. Entretanto, a antecipação não produz impacto no volume de vendas de um mês para o outro.
Isso porque as prioridades de compra são diferentes, explica Nicolas Fernandes. As compras de novembro são de itens mais caros, deixando o Natal para os mais baratos – o que o varejo chama de “Natal do presentinho”.
Roupas, calçados, acessórios, itens de perfumaria e cosméticos e brinquedos, lideram as vendas de final de ano, “sendo as roupas o presente favorito dos consumidores”, acrescenta Carol, citando dados da Fecomércio.
Nesse sentido, o varejo asiático, por ter prazos de entrega mais longos, não deve ameaçar o desempenho das companhias de moda nacionais, prossegue.
Ou seja, a Black Friday não mina o faturamento do varejo no fim do ano. “Você continua tendo o Natal com uma sazonalidade, você tem boas vendas, mas muda um pouco o perfil de compra, o ticket e o produto”, conclui.
“No geral, as empresas costumam ter estratégias bem definidas para as promoções tanto da Black Friday quando das compras de fim de ano, o que acaba fazendo com que uma antecipação não tenha impacto relevante”, resume Niels Tahara.
Quem leva a melhor
A Black Friday 2023 será um evento decisivo para o e-commerce brasileiro, de acordo com a Neotrust, empresa de dados e inteligência do setor. Projeções apontam as categorias de informática, celulares, eletrônicos em geral e eletrodomésticos como as que mais devem se destacar em faturamento.
De acordo com Nicolas, produtos de vestuário e moda também têm certa proeminência. “No final, todas as categorias vendem muito mais, todas as categorias são muito alavancadas no período”, resume o CSO da Social Digital Commerce.
Em complemento, Carol Sanchez menciona pesquisa do Méliuz, segundo a qual 95% dos consumidores sinalizaram que vão às compras nesta Black Friday. Dentre eles, 32% disseram estar dispostos a gastar mais de R$ 1.000.
Já a Amazon [AMZN34] anunciou na primeira quinzena de novembro a contratação de 6 mil funcionários temporários no Brasil para reforçar a logística durante a temporada de vendas da Black Friday.
Em um ano marcado por turbulências no varejo como um todo, o pacote Black Friday e Natal comportam a última chance de respiro do setor em 2023.