O setor de construção foi um dos grandes responsáveis pela expansão de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre de 2023.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a construção civil contribuiu com 0,7% para o PIB industrial – o qual, por sua vez, cresceu em 0,9% no período entre abril e junho deste ano.
Um dos principais pontos que contribuem para o otimismo em relação ao setor vem da perspectiva de mais cortes na Selic para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), explicou o estrategista de investimentos da Nomos, Max Bohm.
“Esse cenário de queda na taxa de juros […] é bem positivo para o setor; o crédito imobiliário fica mais barato, a prestação começa a caber no bolso do consumidor e isso alavanca vendas”, argumentou Max.
Além disso, Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, indica que o IMOB – índice acionário de referência do setor imobiliário – sobe mais de 36% em 2023, sendo um dos que mais se destacam no ano.
Subsetores
Para Max, o ramo de alta renda foi o que mais se beneficiou com o corte nos juros (e o que mais tende a ser favorecido pelo ciclo de quedas), por conta do aumento na disponibilidade de renda dessa população para se comprometer com um grande compra – como um apartamento, por exemplo.
No entanto, ele acredita que o subsetor com a melhor perspectiva é o de baixa renda.
“Existe agora o novo Minha Casa Minha Vida, que realmente vai trazer muitos benefícios e aumentar a demanda por imóveis de baixa renda e isso vai impactar diretamente as vendas dessas companhias”, afirmou.
Leonardo concorda com Max, sinalizando que as construtoras ligadas à baixa renda tendem a ser mais seguras, com o governo ajudando a manter a demanda para estas companhias, a partir do Minha Casa Minha Vida.
Projeções para o setor
Diante da perspectiva de que o Banco Central siga reduzindo os juros, tanto Max quanto Leonardo enxergam um futuro positivo para as empresas do setor de construção.
Vale lembrar que a queda da Selic influencia diretamente no crédito, fator muito importante tanto para as empresas de média/alta renda, que dependem de crédito bancário, quanto para os consumidores, os quais obtêm maiores vantagens em parcelas e empréstimos.
“A queda da Selic influencia muito o affordability, que é a capacidade das famílias em pegarem o financiamento para comprar um imóvel”, explicou Leonardo.
Segundo ele, a taxa média imobiliária está ligado ao valor dos juros,
“A cada ponto [percentual que é cortado] da Selic […] cada vez mais famílias conseguem se enquadrar para conseguir pegar um financiamento, seja no segmento de baixa renda, seja no médio/alta renda. Isso faz com que a demanda do setor se acelere mais”, completou.
Recomendações
Para Leonardo, o melhor ativo do setor no momento é o da Moura Dubeux [MDNE3]. De acordo com o analista, a empresa atua no Nordeste brasileiro e vem entregando bons resultados ao longo de 2023.
“Ela tem revisado para cima a estimativa de lançamentos que espera para o ano que vem, dado que ela está vendo uma demanda maior”, indicou.
Outro ponto trazido pelo especialista é que a empresa tem pouca concorrência na região em que atua, sendo rivalizada por companhias “bem menores” que a Moura Dubeux.
Já Max afirma que, para baixa renda, vê boas oportunidades em MRV [MRVE3] e Plano & Plano [PLPL3] e, em média/alta, renda indica Eztec [EZTCE3] e Cyrela [CYRE3].
Segundo o estrategista, o interessante é que o investidor consiga balancear, em sua carteira, posições tanto em ativos de baixa quanto de média/alta renda.