As ações da BRF [BRFS3] saltaram mais de 11% nesta quarta-feira (08), na cotação de R$ 18,51. Investidores ficaram animados com o balanço trimestral da companhia, que mostrou um “turnaround completado”, na definição do Goldman Sachs.
O frigorífico reverteu o prejuízo líquido de R$ 1 bilhão do ano anterior, com lucro líquido de R$ 593,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado cresceu mais de três vezes em relação ao ano anterior, a R$ 2,1 bilhões, superando confortavelmente o consenso da Bloomberg em 24%.
“Números tão fortes em um trimestre historicamente fraco sugerem que a empresa é menos cíclica do que se esperava anteriormente”, especialmente conforme as vendas do segundo trimestre deste ano seguem sustentando boas margens, comentou a XP Investimentos. 0 desempenho deve contribuir para mais revisões positivas nos números da empresa, “confirmando que nós e todo o mercado devemos reconhecer tratar-se de uma nova BRF”.
O ciclo positivo para a companhia no primeiro trimestre inclui redução na alavancagem financeira, assim como sólida melhora na estrutura de ativos e passivos fiscais, explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital. Do lado operacional, o resultado acompanhou o aumento no preço internacional do frango e queda no custo de alimentação, com reflexo direto no aumento da geração de caixa.
Preços menores de insumos como o milho, complementa João Abdouni, analista da Levante, contribuíram também para o resultado. Ademais, o maior direcionamento das exportações da BRF para países árabes trouxe lucro adicional para a companhia, devido à celebração do Ramadã.
nono mês do calendário islâmico – compreendido entre 10 de março e 9 de abril deste ano – inclui a promoção de refeições especiais diárias, para as quais o frango é uma das proteínas favoritas.
A temporada forte no Oriente Médio fortaleceu a divisão internacional das operações da BRF, mas a do Brasil também não deixou a desejar, alcançando a mais alta performance para um primeiro trimestre desde 2015. O desempenho é parcialmente fruto de maior eficiência operacional, aliado a “um mercado doméstico sólido” devido a um cenário saudável de oferta e demanda de frango, salientou a XP.
Para os analistas da corretora, os fortes resultados devem levar a novas revisões de lucros e contribuir para o desempenho positivo de BRFS3. A XP reforçou sua recomendação de compra para a BRF, assim como a classificação da companhia como top pick – a preferida do setor.
Os ativos têm espaço para mais valorização, conta o analista técnico Filipe Borges. Para quem está posicionado em BRFS3, ele indica stop loss abaixo da mínima desta quarta-feira, “acho bem interessante para poder proteger o lucro obtido com esse gap”.
Na continuidade do impulso, Filipe também vê alvos do papel entre R$ 20,50 até a região entre R$ 21,80 e R$ 22, ressaltando que a faixa de preço se enquadra em uma linha de tendência de baixa (LTB) de longo prazo. BRFS3 está nessa LTB desde 2015, portanto a cotação de R$ 22 “pode ser um valor para realizações de curto prazo nesse ativo”.