Por Benndorf Research
O volume de vendas no varejo brasileiro recuou 0,3% em agosto, ante julho. Na comparação anual, entretanto, as vendas cresceram 5,1%, 15º mês consecutivo de alta. Em ambos os casos, os valores superaram as perspectivas do mercado de queda de 0,5% e alta de 3,6%. No comércio varejista ampliado, as variações foram de 0,8% m/m e 3,1% a/a.
No período, sete das oito atividades pesquisadas recuaram, com as variações mais expressivas vindo de “Outros artigos de uso pessoal e doméstico” (-3,9%), que foi prejudicada pelo aumento da competição e sazonalidade de promoções, “Livros, jornais, revistas e papelaria” (-2,6%) e “Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação” (-2,0%), que sofreu mais uma vez com a desvalorização cambial. Somente “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria” (1,3%) avançou. No âmbito do varejo ampliado, “Veículos e motos, partes e peças” caiu 5,2%, ao passo que o setor de “Material de construção” teve variação de 0,3%.
Na comparação com agosto de 2023, cinco atividades avançaram, com destaque para “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria” (15,7%), “Móveis e eletrodomésticos” (6,4%) e “Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” (6,1%). As variações negativas ficaram com “Livros, jornais, revistas e papelaria” (-7,6%), “Combustíveis e lubrificantes” (-4,6%) e “Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação” (-2,8%). No comércio varejista ampliado as atividades de “Veículos e motos, partes e peças” (8,3%) e “Material de construção” (4,5%) cresceram, enquanto “Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo” recuou 11,5%.
Embora tenha recuado em agosto, o resultado não é de todo ruim já que superou as expectativas do mercado em ambas as comparações e mostrou força significante em relação ao resultado ao ano passado, reforçando novamente a resiliência do consumo nacional. Ainda assim, esperamos mais desaceleração nos próximos meses em função da política monetária mais restritiva, retomada da inflação e dólar alto. Ademais, reiteramos que as empresas cíclicas tendem a ser prejudicadas no cenário atual, enquanto o setor financeiro provavelmente será beneficiado.