Wall Street: por dentro do santuário financeiro dos Estados Unidos

Existem dois jeitos de olhar para Wall Street. Localizada na cidade de Nova York, é uma rua como qualquer outra. Para o mercado, ela é muito mais que isso.

Casa de bolsas de valores, empresas de bancos de investimento, bancos comerciais, corretoras e distribuidoras de valores mobiliários, a Wall Street é o santuário financeiro dos Estados Unidos (e do mundo). 

A Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) e a Nasdaq, por exemplo, duas das maiores bolsas do mundo, têm suas sedes na famosa rua. 

A importância econômica de Wall Street vai além do contexto americano, já que muitas empresas fazem negócios no mundo todo, oferecem empréstimos para uma variedade de estabelecimentos e pessoas, além de ajudar projetos financeiros globais de grande escala.

Por conta do peso, “Wall Street” também virou uma expressão além do local, que representa os interesses, motivações e atitude de quem faz parte do mercado. 

Sendo o maior mercado do mundo, tudo que acontece na bolsa acaba afetando outras geografias também. Com o Brasil não é diferente. 

As bolsas de Wall Street mexem com a brasileira porque os investimentos são globalizados, o que significa que, quando grandes fundos de investimento decidem comprar ações no mundo, adquirem ações americanas, brasileiras e de outros lugares.

De acordo com Max Bohm, analista fundamentalista da Nomos, quando os juros americanos sobem e há um efeito negativo na bolsa dos EUA, consequentemente o resultado será respingado aqui.

“O juro americano é o pai de todos os mercados. O que acontece lá mexe com os mercados no mundo todo”, explica.

Bolsas da Wall Street

Bolsa de Valores de Nova York (NYSE)

A NYSE, também conhecida como “Big Board”, é a maior bolsa de valores do mundo em termos de capitalização de mercado total de seus títulos listados. Ela foi a primeira bolsa de valores formalizada estabelecida nos Estados Unidos.

Graças à vantagem da NYSE como a principal bolsa de valores dos EUA, muitas das empresas mais antigas que são negociadas publicamente estão listadas nela, como Coca-Cola, Johnson & Johnson, Walmart, entre outras.

De acordo com dados de junho de 2022, o valor de mercado da Bolsa de Nova York é de aproximadamente US$ 27 trilhões, distribuídos em cerca de 3 mil empresas. 

A NYSE não tem foco em empresas de um setor específico. Isso significa que, além de companhias que atuam em setores de inovação, o catálogo inclui gigantes de todos os segmentos, principalmente dos mais tradicionais da economia.

A Bolsa de Nova York também é responsável por dois índices que estão entre os mais importantes do mercado financeiro mundial: o Dow Jones Industrial Average (DJIA), ou simplesmente Dow Jones, e o S&P 500 (SPX). 

Esses índices refletem o desempenho de mais de 500 companhias que estão entre as de maior valor de mercado do mundo.

S&P 500 (SPX)

S&P 500 é a abreviatura para Standard & Poor’s 500, principal índice da NYSE. Ele representa as 500 maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos e, por isso, é uma das principais ferramentas para acompanhar o mercado acionário do país.

Entre as companhias com maior peso no índice, estão Apple, Microsoft, Google, Visa, Berkshire Hathaway e Johnson & Johnson.

Dow Jones Industrial Average (DIJA)

Também chamado de Dow 30, esse índice acompanha o desempenho de 30 blue chips, ou seja, as ações de maior valor de mercado. 

Coca-Cola, Chevron, Intel, Apple, 3M, American Express, Walmart, Nike e Visa no índice representado pelo Dow Jones.

Esse é o índice mais antigo do mercado acionário. Mesmo que popular, existem críticas quanto à sua efetividade para mensurar a economia americana, pois representa um número muito reduzido de empresas quando comparado ao S&P 500.

Além disso, ignora empresas menores na sua composição, o que distorce a leitura do mercado acionário.

Sistema de Cotação Automatizada da Associação Nacional de Corretores de Títulos (Nasdaq)

A Nasdaq é a segunda maior bolsa de valores do mundo, ficando atrás apenas da NYSE, e possui capitalização de mercado estimada em US$ 24,5 trilhões. 

Sigla para “National Association of Securities Dealers Automated Quotation System”, em inglês, a bolsa tem foco específico nas big techs, com um catálogo de mais de cinco mil empresas listadas e com trades diários. Entre elas, estão as maiores companhias do setor, como Apple, Microsoft, Meta, Google, entre outras.

Em relação ao volume diário de negociações, a Nasdaq supera a NYSE, pois US$ 1,8 trilhões giram diariamente na Nasdaq, contra US$ 1,2 trilhões negociados na NYSE.

Rodrigo Correa, estrategista da Nomos, explica que a Nasdaq acabou evoluindo para ser uma bolsa que tem um número muito grande de empresas de tecnologia. 

“Quando comparadas as duas bolsas, há tecnologia em ambas, mas a concentração de empresas do setor é muito maior na Nasdaq que na Bolsa de Nova York”, disse.

O índice Nasdaq

Esse índice reflete o desempenho das ações listadas na bolsa Nasdaq, além de ser um termômetro do setor nos EUA e influenciar as empresas de tecnologia do mundo todo.

O índice recebe várias denominações, como: Nasdaq Composite, Nasdaq 100, Nasdaq Financial-100 Index, Nasdaq Transportation Index e Nasdaq Biotechnology Index. 

O Nasdaq Composite é o principal índice da bolsa. Ele é resultado da capitalização de mercado de todas as empresas listadas na bolsa de tecnologia, inclusive as que não são americanas.

Já o Nasdaq 100 abrange somente as 100 maiores empresas não financeiras listadas na bolsa. Além de não fazer parte do setor financeiro, para fazer parte desse índice, a empresa precisa cumprir dois requisitos: não estar em recuperação judicial e ter média diária de negociações de ações acima de U$ 200 mil.

Outro índice, o Nasdaq Financial-100 Index demonstra a performance das ações das 100 maiores empresas de serviços financeiros listadas, que desempenham atividades bancárias, com imóveis e negociações de valores mobiliários. 

O Nasdaq Transportation Index e Nasdaq Biotechnology Index, como os próprios nomes dizem, medem o desempenho de ações do setor de transporte e de ações de empresas farmacêuticas e biotecnologia, respectivamente.

Outras bolsas dos Estados Unidos

Perto ou longe, estar na Wall Street não é mais considerado essencial para as bolsas. Na verdade, hoje em dia, elas estão por todo o Estados Unidos. 

Esse é o caso das seguintes bolsas: Boston Stock Exchange (BSE); Cboe Options Exchange (Cboe); Chicago Board of Trade (CBOT).; Chicago Mercantile Exchange (CME); Chicago Stock Exchange (CHX); International Securities Exchange (ISE), que inclui a ISE Options Exchange e a ISE Stock Exchange; Miami Stock Exchange (MS4X); National Stock Exchange (NSX) e Philadelphia Stock Exchange (PHLX). 

Nos EUA, as bolsas de valores regionais se referem a bolsas fora da capital financeira da nação. Geralmente, quando as empresas não conseguem atender aos rigorosos requisitos para listagem na NYSE e a NASDAQ, optam pela listagem regional. 

Em um contexto geral, apesar de ficarem na mesma rua, os índices das duas principais bolsas caminham em direções opostas. Max Bohm argumenta que, por ser do ramo da tecnologia, a Nasdaq é mais afetada pela movimentação dos juros americanos. 

“As empresas de tecnologia são empresas que não estão maduras ainda, então precisam de capital para investir e crescer. Então, se o capital fica mais caro, as empresas têm mais dificuldades e, consequentemente, a bolsa da Nasdaq cai”, concluiu.

Sair da versão mobile