As ações da CSN Mineração subiram 4,42% nesta quarta-feira (17), a R$4,02, interrompendo a sequência de dois pregões consecutivos no vermelho, em repercussão ao balanço corporativo fraco. Ontem, o papel encerrou entre os mais próximos do menor fechamento histórico, com distância de 17,38%, cotado a R$ 3,85.
Apesar do sinal positivo, Filipe Borges, analista da Benndorf, explica que a ação segue em tendência de baixa no curto e no longo prazo. Segundo ele, a subida nos últimos cinco, seis dias, de R$ 3,20 à região de quatro reais, não mostrou entrada de fluxo comprador muito forte, ”o que reforça a probabilidade de ser apenas um pullback para novas quedas”. Do dia 4 a 12 de agosto, as ações da empresa alternaram entre a valorização e a estabilidade, com preferência para o sinal positivo.
De acordo com Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, analistas da Eleven Financial, embora o resultado trimestral tenha sido ruim, é recomendada a compra do ativo, pois o desempenho operacional da empresa deve ser recuperado nos próximos trimestres.
Eles explicam que o Ebitda, reportado em R$ 907 milhões, foi impactado pelas fortes chuvas em abril no Rio de Janeiro, que afetaram negativamente o embarque dos volumes produzidos pela empresa. Além disso, o preço do minério foi outro grande detrator do resultado.
A companhia reduziu o guidance de produção mais compras de terceiros em cerca de 8% para 2022, com projeção de 36 a 38 milhões de toneladas. Além disso, houve substituição do custo caixa C1 na mineração de US$18/ton para um patamar entre US$20/ton a US$22/ton em 2022.
A Eleven identifica o aumento do fluxo de caixa livre como um ponto positivo, totalizado em R$ 1,2 bilhão, devido à redução de contas a receber. Felipe e Rodrigo também mencionam algumas vantagens competitivas da organização. “Por ser a segunda maior mineradora do Brasil, a companhia apresenta o maior plano de crescimento entre as empresas do setor que representa um crescimento de 227% sobre a capacidade atual”.
A CSN Mineração também não utiliza mais barragens a montante em suas operações, o que, além de evitar riscos, torna mais fácil adquirir licenças para novos projetos. “A logística integrada da companhia permite o escoamento eficiente das novas capacidades”.
Em prévia, a XP estimou resultados ligeiramente melhores para o segmento de minério de ferro no 2T22, com melhorias sazonais na produção compensadas pelo aumento dos custos com combustíveis e mão de obra e menores preços realizados devido ao mecanismo de preços e à volatilidade dos preços de referência durante o trimestre.
Em relação à CSN Mineração, em específico, a XP já esperava um menor Ebitda, entretanto a empresa decepcionou e reportou o dado ainda menor que os R$ 984 milhões esperados. O lucro líquido superou as expectativas e alcançou R$ 826 milhões, acima dos R$ 591 milhões estimados.
Entre os bancos nacionais, há predomínio de indicação favorável, com Bradesco BBI, BTG Pactual, Banco Inter e Banco do Brasil recomendando a compra do papel. No exterior, Morgan Stanley, JP Morgan e Citi mantiveram neutralidade. O Goldman Sachs assume postura mais extrema e recomenda a venda de ações da CSN Mineração.
Filipe Borges ainda reforça que, enquanto a ação não apresentar reversão para topos e fundos ascendentes, tanto em gráfico diário quanto semanal, as altas serão apenas repiques para novas quedas. “Caso a gente tenha perda do valor de R$ 3,30, abre espaço para projeções de Fibo, entre R$ 2,45 e R$ 2,00”, acrescentou.
As “projeções de Fibo” se referem à sequência de Fibonacci, que de maneira geral, é um padrão numérico que pode ser encontrado em diversos fenômenos da natureza. Essa sequência é obtida através da soma dos dois números anteriores e da razão entre um número qualquer da sequência.
O funcionamento também envolve o que é chamado de razão áurea, que é a transformação dos números em quadrados, organizando-os geometricamente, surgindo a espiral de Fibonacci.
Como os ativos não seguem uma linearidade de expansão e contração, alguns movimentos podem formar padrões que se enquadram na sequência de Fibonacci, o que é intitulado como retração de Fibonacci na análise técnica, seguindo as proporções áureas.