A Alemanha assumiu o controle da gigante petrolífera russa Rosneft nesta sexta-feira (16), correndo o risco de retaliação de Moscou. Enquanto isso, Berlim se esforça para fortalecer o abastecimento de energia e cumprir o compromisso da União Europeia de eliminar as importações de petróleo da Rússia até o final deste ano.
O governo colocou as subsidiárias alemãs da Rosneft sob tutela. O principal ativo do negócio é a refinaria PCK, em Schwedt, no leste do país, que fornece 90% do combustível de Berlim, além de abastecer regiões vizinhas.
Os ativos da companhia no país representam um total de cerca de 12% da capacidade de processamento de petróleo, tornando-a uma das maiores empresas no setor.
“A tutela neutraliza a ameaça iminente à segurança do fornecimento de energia, e estabelece uma base importante para a preservação e o futuro de Schwedt”, disse o Ministério da Economia.
Em entrevista coletiva para apresentar os planos do governo de colocar a PCK sob o controle do regulador Federal Network Agency, o chanceler Olaf Scholz afirmou que esta é uma decisão de política energética de longo alcance para proteção do país.
Os planos incluíam um “pacote para o futuro” com mais de 1 bilhão de euros em investimentos do governo federal e estadual ao longo de vários anos nos estados do leste da Alemanha, com 825 milhões de euros destinados apenas a Schwedt.
A decisão marca uma escalada no impasse econômico com a Rússia, à medida que a Alemanha busca se desvincular de décadas de dependência das exportações de energia de Moscou.
É o segundo maior ativo energético russo que o governo alemão está assumindo após a invasão da Ucrânia. Berlim também colocou o negócio alemão de gás natural da Gazprom sob tutela em abril.
Enquanto isso, pairam no ar questionamentos sobre se Schwedt continuará a receber petróleo da Rússia. Sem suprimentos, a refinaria só teria reservas para cerca de três semanas, disse o gerente sênior da PCK. Depois disso, os suprimentos de combustível da capital alemã podem acabar.
Os oleodutos existentes podem abastecer Schwedt com petróleo não russo, mas não o suficiente para permitir que a refinaria opere em sua capacidade máxima, afirmou o gerente. A expansão da capacidade dos gasodutos custaria centenas de milhões de euros e levaria até três anos, acrescentou ele.
Em agosto, a Rosneft alertou que a substituição do petróleo russo faria com que os preços dos combustíveis disparassem na Alemanha.
Governos de toda a Europa estão correndo para sustentar seus fornecedores de energia e garantir o fornecimento de combustível de outros exportadores, à medida que aumentam as sanções à Rússia, principal fornecedor, devido à guerra na Ucrânia.
Moscou retaliou, reduzindo os fluxos de gás, e ameaçou fechar todas as torneiras, elevando os preços e aumentando a perspectiva de racionamento de energia na Europa neste inverno.
(Com Reuters e Dow Jones Newswire)