Regime de Metas de Inflação: como funciona e sua importância para a economia

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

O presidente Lula voltou a criticar o Banco Central e sua decisão de manter os juros básicos altos na cerimônia de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES, na última segunda (06). 

O chefe do executivo já havia criticado a escolha do Comitê de Política Monetária (Copom) em manter a Taxa Selic a 13,75% em entrevista à RedeTV!. 

Após a reunião de 1º de fevereiro, o Copom justificou a decisão declarando que “a conjuntura, particularmente incerta no âmbito fiscal e com expectativas de inflação se distanciando da meta em horizontes mais longos, demanda maior atenção na condução da política monetária”.  

Segundo a entidade, a manutenção da taxa é necessária para o cumprimento das Metas de Inflação.

Mas, afinal, o que é o regime de Metas de Inflação? 

É uma política econômica estabelecida pela publicação de uma porcentagem ideal do nível de inflação em determinado período. Também é publicado um número de pontos percentuais no qual essa meta pode variar.

No Brasil, o Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão responsável pela definição da meta percentual. 

Segundo o analista de macroeconomia da Benndorf Research, Marco Ferrini, o regime oferece maior previsibilidade do caminho a ser seguido pelas medidas econômicas. 

Marco estabeleceu como funções de tal mecanismo guiar “as expectativas dos agentes econômicos” e também ampliar “a credibilidade do Banco Central, que é o responsável por atingir essa meta”. 

O principal instrumento de política monetária utilizado pelo BC para satisfazer a porcentagem estabelecida é a taxa Selic. Outros recursos utilizados são a taxa de câmbio e os canais de crédito e de expectativas. 

Além dos pontos estabelecidos por Marco, o regime também objetiva a uma maior transparência na gestão da política monetária. A taxa estabelecida para 2023 é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. 

Caso a meta não seja atingida, Rodrigo Correa, estrategista de investimentos da Nomos, esclarece como o Banco Central procede. “No final do ano tem que olhar para inflação acumulada no índice oficial, que é o IPCA, ver se ela ficou entre o máximo e o mínimo das metas”, indicou.

“Se ela ficar fora, o Banco Central tem que dar uma resposta formal ao Congresso Nacional explicando porque não conseguiu manter o padrão de inflação desse nível“, Rodrigo completou.

Como investir diante do Regime de Metas? 

Rodrigo Correa também assinala a importância de uma boa análise a partir de como a taxa de juros está se comportando, dependendo do quão perto ou longe a meta de inflação está de ser atingida e mantida.

Em sintonia, Marco Ferrini indica aos investidores “ajustar sua alocação de acordo com a taxa atual de inflação,  suas perspectivas futuras e demais indicadores macroeconômicos”.

De acordo com Marco, “nos casos em que a inflação está dentro ou abaixo da meta, uma taxa de juros menor é esperada para manter a atividade econômica fluindo, consequentemente gerando mais lucro para empresas”.

Essa estabilidade favorece investimentos de renda variável, sobretudo entre empresas cíclicas, as quais desempenham em função do ciclo econômico, completa Marco.

E se a meta não for mantida? Como proceder?

“Quando a inflação foge do intervalo da meta, o Banco Central pode retirar ou inserir liquidez do sistema financeiro através dos instrumentos de política monetária”, assinala Marco. 

O analista de macroeconomia elucida que, por consequência desse aumento, o Copom acaba por aumentar a taxa Selic, encarecendo o crédito e assim tornando consumo e investimentos mais inacessíveis. 

Segundo Marco, o aumento da taxa de juros lesa o segmento de renda variável em relação à renda fixa. 

Ele completa, indicando a existência de “um risco maior na renda variável por não ter nenhuma garantia de rentabilidade, visto que o desempenho está atrelado diretamente às empresas listadas em bolsa”.

“Se a inflação está fora do padrão […] você tem um grande risco em relação aos seus investimentos”, explica Rodrigo Correa.

“Se você faz, por exemplo, investimentos de em valor nominal, você pode até ter ganho, mas com a inflação alta, inflação descontrolada, tudo aquilo que é inflação subiu ela basicamente corroeu do ganho real”, completou. 

No entanto, tanto Marco quanto Rodrigo enxergam de forma mais complexa a relação entre a taxa de juros e os investimentos, existindo empresas e investidores que podem se beneficiar da alta, como bancos e quem aplica em renda fixa.

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