A inflação americana avançou 0,4% em fevereiro, ante janeiro, perdendo ritmo marginalmente em relação ao resultado anterior. Na comparação anual, o indicador marcou alta de 6%, desacelerando dos 6,4% anteriores e marcando a mínima desde setembro de 2021.
Ambos os indicadores ficaram exatamente em linha com as projeções do mercado. O núcleo da inflação teve alta de 0,5%, superando por 0,1 p.p. as expectativas, enquanto a comparação anual mostrou redução apenas marginal de 5,6% para 5,5%, reforçando a persistência e abrangência dos preços altos na economia americana.
O principal responsável pelo resultado, correspondendo a 70% da variação total do indicador, foi o grupo Habitação (0,8%), influenciado pelos aluguéis e pelo aluguel equivalente dos proprietários. Outros grupos que contribuíram com a alta foram Alimentos (0,4%), Lazer (0,9%) e Móveis Domésticos e Operações (0,8%).
Em Alimentos, a alimentação no domicílio (0,3%) foi puxada pelas bebidas não alcoólicas (1%), cereais e produtos de confeitaria (0,3%) e frutas e vegetais (0,2%). Por outro lado, o índice de carnes, aves, peixes e ovos (-0,1%) caiu pela primeira vez desde dezembro de 2021, impactado pela queda de 6,7% dos ovos, que vinham em altas consecutivas nos últimos meses. Já a alimentação fora do domicílio (0,6%) teve a mesma variação de janeiro. Nos últimos 12 meses, os Alimentos registram alta de 9,5%, desacelerando dos 10,1% de janeiro.
No mais, o índice de Energia contraiu 0,6%, compensando parcialmente a alta de 2% de janeiro. O gás natural recuou 8% no mês, maior queda desde outubro de 2006, e o óleo combustível caiu 7,9%. Em contraste, a gasolina teve alta de 1% e a eletricidade teve aumento de 0,5%.
A nova alta do índice geral de inflação e a persistência do núcleo em patamares elevados mostram que o FED terá problemas para controlar o aumento generalizado de preços após a falência do SVB e do Signature Bank, que devem forçar uma mudança na trajetória da política monetária da autoridade, conforme analisado por nós em relatório macro enviado ontem.
Dito isso, esperamos um aumento de 0,25 p.p. na taxa de juros americana na reunião da próxima semana e aguardamos um novo posicionamento do FED com relação ao rumo da política monetária nos próximos meses diante dos claros sinais de pressão no sistema financeiro americano e necessidade de bailouts. Também ressaltamos a necessidade de cautela nos mercados internacionais diante do risco elevado de downside que vínhamos comentando.