por Benndorf Research
O payroll oficial dos Estados Unidos mostrou a criação de 151 mil novos empregos em fevereiro, praticamente em linha com as expectativas de 159 mil. Já a taxa de desemprego do país teve alta marginal inesperada, passando de 4% para 4,1%. No mais, o resultado de janeiro foi revisado de 143 mil para 125 mil.
Entre os subíndices do payroll, a razão emprego-população recuou 0,2 p.p para 59,9%, o número de pessoas com trabalhos de meio período cresceu 460 mil para 4,9 milhões e o número de pessoas desalentadas avançou 414 mil para 5,9 milhões.
As atividades que mais criaram vagas em fevereiro foram os cuidados médicos (52 mil), atividades financeiras (21 mil) e transporte e armazenamento (18 mil). Do lado negativo ficaram o setor público, com destaque para o governo federal (-10 mil), que vem sofrendo cortes após a entrada da nova administração, e o comércio varejista (-6 mil), que foi impactado por greves. Outras várias atividades ficaram estagnadas, como mineração, extração de petróleo e gás e construção.
Além disso, o ganho médio por hora dos americanos cresceu 0,3% entre meses. Nos últimos 12 meses, o ganho médio por hora acumula alta de 4%, marginalmente maior do que o número computado no mês anterior e marginalmente abaixo dos 4,1% esperados, ainda refletindo a persistência dos salários elevados na economia americana, um dos principais pontos de inflação no país.
Vemos o resultado de fevereiro em linha com as projeções, mas o ponto positivo foi a revisão para baixo do número de janeiro, que pode ser fruto de uma desaceleração do mercado de trabalho ou apenas o fim de contratos temporários firmados para o período de fim de ano. Outro ponto a ser destacado no número de fevereiro é que se não fossem o evento pontual das greves de alguns varejistas e os cortes de empregos públicos promovidos pela nova administração Trump, o payroll teria superado as estimativas com facilidade.
Sendo assim, até que tenhamos uma confirmação sólida de perda de ritmo, vemos o mercado de trabalho americano ainda forte, o que contribui para manter a inflação em patamares elevados, puxando as curvas de juros e mantendo o FED hawkish, o que nos leva a reiterar nosso ceticismo com uma possível melhora na economia americana e uma possível quebra de expectativa no mercado, impactando negativamente os índices acionários, especialmente empresas em segmentos cíclicos e mais elásticos aos juros.