Varejo no Brasil decepciona ao mostrar estabilidade

BRASA

As vendas no varejo brasileiro estagnaram em junho, ante maio, e decepcionaram ao ficar abaixo das projeções de crescimento de 0,4% do mercado. Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume de vendas foi 1,3% maior, superando as expectativas de 0,4%.

No comércio varejista ampliado, o volume foi 1,2% maior em relação a maio e 8,3% maior em relação a junho de 2022. O comércio varejista do país está 3,3% abaixo da máxima histórica (outubro de 2020) e 3% acima do patamar pré-pandemia, números que indicam um patamar saudável apesar do
último resultado.

Houve equilíbrio entre taxas positivas e negativas na passagem de maio para junho. Do lado positivo se destacaram os Tecidos, vestuário e calçados (1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%). Já entre os negativos, se sobressaíram os Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%).

Entre as atividades do comércio varejista ampliado, a atividade de Veículos e motos, partes e peças teve alta expressiva de 8,5% – explicada em grande parte pelos incentivos do governo e marcas para reduzir o preço dos automóveis – enquanto o Material de construção variou -0,3%.

Em comparação com junho de 2022, também houve estabilidade, com quatro atividades registrando alta e quatro registrando queda. Do lado positivo se destacaram os Combustíveis e lubrificantes (9,9%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,8%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (3,1%).

Do lado negativo as variações mais expressivas vieram de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-14,9%), Equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação (-8,9%) e Tecidos, vestuário e calçados (-6,3%). No comércio varejista ampliado, os Veículos e motos, partes e peças (17,9%) e o Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (21,2%) cresceram, enquanto o Material de construção (-2,7%) contraiu.

Esse é o terceiro mês consecutivo que as vendas no varejo ficam abaixo das projeções do mercado, mostrando o momento mais frágil do setor nos últimos meses. Podemos atribuir essa fragilidade à deterioração da oferta de crédito em função dos juros altos e inadimplência e endividamento recordes.

No entanto, como reforçamos no PMI de Serviços da semana passada, o início do ciclo de cortes de juros em ritmo mais acelerado, a manutenção da queda do desemprego e os programas do governo para renegociação de dívidas são fatos positivos e que devem contribuir para impulsionar a demanda no médio e longo prazo.

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