O PMI Industrial da Europa avançou 0,8 p.p. em agosto e foi a 43,5, máxima de 3 meses, mas confirmando o décimo quarto mês consecutivo de contração do setor e em ritmo ainda expressivo. O setor secundário europeu permanece muito pressionado na metade do terceiro trimestre à medida que o volume de novos pedidos continua despencando a uma taxa que raramente foi superada ao longo dos 26 anos de pesquisa.
Os novos pedidos de exportação também enfrentam a mesma situação. No mais, os fabricantes europeus registraram mais uma queda considerável nos pedidos em atraso, estendendo a sequência atual para 15 meses e sinalizando um aumento contínuo da capacidade ociosa. O volume de trabalho reduzido levou a produção a cair novamente, cenário que vem se repetindo desde a metade do ano passado, com exceção de leves altas em fevereiro e março.
A queda na produção foi a segunda mais rápida desde maio de 2020. Diante da demanda deprimida, industriais ao longo de toda a Zona do Euro reduziram seus estoques de matérias-primas e outros itens necessários para a produção. As quantidades de compras, que recuaram substancialmente, também evidenciam o pouco incentivo para montar estoques.
Em mais um sinal de fraqueza do setor, os prazos de entrega dos fornecedores diminuíram marcadamente em agosto. Além disso, a diminuição da demanda por matérias-primas permitiu às empresas renegociarem preços, o que levou os preços dos insumos a caírem bastante. Algumas empresas optaram por repassar os custos menores aos consumidores para aumentar a competitividade.
Finalmente, houve uma melhora do otimismo mesmo com a rápida deterioração das condições do setor industrial. As expectativas de crescimento atingiram a máxima de 3 meses, mas permanecem bem abaixo da média histórica.
O ritmo de contração acelerado da indústria europeia espelha a situação das economias do continente, que sofrem com o aumento rápido dos juros para o maior patamar desde 2008 ao mesmo tempo em que a inflação persiste em patamar mais de 150% acima da meta estabelecida pelo BCE, fatos que traçam uma rota de recessão para o continente ao início de 2024.
Como a política monetária deve permanecer hawkish e a demanda tende a continuar deprimida tanto internamente quanto externamente, esperamos que o setor secundário europeu permaneça em território contracionista no curto e médio prazo.