O Federal Reserve (Fed) optou por manter a taxa básica americana estável no intervalo entre 5,25% e 5,5% nessa quarta-feira, decisão que não surpreende e já era amplamente esperada pelo mercado. Apesar disso, a autoridade voltou a adotar a postura orientada a dados em seu comunicado ao afirmar que continuará monitorando as informações do cenário econômico e que está disposta para ajustar sua política monetária de acordo com as necessidades.
No mais, a reunião de setembro trouxe as projeções atualizadas dos participantes do Fomc para os diversos indicadores econômicos americanos. Em relação às projeções de junho, as autoridades revisaram para cima o PIB (mediana de 2,1% contra 1%) e o PCE Price Index (3,3% x 3,2%), enquanto a taxa de desemprego (3,8% x 4,1%) e o núcleo do PCE Price Index (3,7% x 3,9%) devem ser menores, em linha com as expectativas de “soft landing” da economia americana.
Dito isso, os participantes do Fomc mantiveram o intervalo de 5,5% e 5,75% para a taxa de juros em 2023 e revisaram a taxa esperada para 2024 do intervalo entre 4,5% – 4,75% para 5% – 5,25%, sinalizando que as condições financeiras permanecerão restritas por mais tempo, como vinha sendo em discursos recentes.
Por fim, essa postura do Fed já era esperada por nós e condiz com nosso cenário base de “soft landing” e manutenção dos juros no topo da curva, algo que continuará pressionando a economia dos EUA, principalmente a indústria nos segmentos de duráveis e bens de capital, e provavelmente diminuirá o apetite por risco dos investidores.
Sendo assim, entendemos que há margem para o mercado brasileiro ganhar relevância como uma alternativa já que a China segue sem sinais claros de recuperação. Entretanto, atualmente vemos o capital estrangeiro migrando para outros emergentes, como a Índia, a Malásia e o México, e o Brasil precisaria reforçar o comprometimento com as metas fiscais para atrair investimentos.