O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) cortou em 0,50 p.p. a taxa básica de juros do Brasil. A decisão foi unânime e já era amplamente esperada pelo mercado. O corte vem logo após o Federal Open Market Committee (Fomc) dos Estados Unidos optar por manter os juros do país no mesmo intervalo entre 5,25% e 5,50%.
Após o corte, a Selic chegou ao patamar de 12,25%, o menor desde maio do ano passado.
“Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres antecipado pelo Copom”, afirmou o comunicado da autarquia.
A instituição destacou que a inflação seguiu a trajetória de desinflação, apesar de continuar acima da meta.
Para o economista Vinicius Moura, a decisão veio dentro do esperado e sem surpresas. No comunicado, o especialista destaca alguns pontos, como a reiteração, por parte da autarquia, da necessidade do cumprimento das metas fiscais já estabelecidas pelo governo para a manutenção do ciclo de quedas.
“A expectativa que a gente tem para o próximo ano é de uma taxa de por volta de 9,5% e fica claro que, para que ocorra isso, será necessário alguns discursos que ressaltem o compromisso do governo com as metas fiscais”, completou.
O Bacen também chamou atenção para o cenário externo, classificando-o como “adverso”, por conta da previsão de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos, além das tensões geopolíticas.
“O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes.”
A pesquisa do Projeções Broadcast apontou que todas as 57 instituições financeiras consultadas já projetavam a manutenção do corte de 0,50 p.p. por parte do Copom, como aconteceu nas últimas duas reuniões.
Agora, 55 das 57 acreditam que o comitê deve seguir no mesmo ritmo de cortes até o final do ano.
Em janeiro, de 50 instituições consultadas, 46 projetam mais um corte de 0,50 p.p, três apontam para uma queda de 0,75 p.p., enquanto uma acredita que o Copom deve desacelerar os cortes para 0,25 p.p.
Decisão em meio a ameaças de greve
Durante o intervalo da reunião do Copom, o presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, e os demais diretores do comitê – incluindo os novos integrantes Gabriel Galípolo e Ailton Aquino– juntaram-se a um protesto realizado por servidores da autarquia nesta quarta-feira.
Os diretores posaram para fotos em demonstração de apoio às reivindicações dos trabalhadores.
Caso os pedidos não sejam atendidos, o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) sinalizou a possibilidade de uma greve dos funcionários ainda este mês. Entre as reivindicações, os trabalhadores pedem a valorização da carreira do Bacen, a partir da criação de um bônus de produtividade parecido com o em vigor na Receita Federal do atual governo.
Além disso, os funcionários reivindicam a obrigação de ensino superior para a posição de Técnico do Bacen e mudança de nomenclatura para o cargo de Analista.