Com o fim do impulso pela demanda reprimida pós-pandemia, para onde vai o setor de shoppings?

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O ano de 2024 não tem sido nada positivo para o setor de shoppings. Tanto as ações na Bolsa quanto os fundos imobiliários (FIIs) ligados ao segmento amargam quedas expressivas, aprofundando um cenário já desafiador desde anos anteriores.

Entre ativos, Allos [ALOS3] cai 22% no ano, enquanto Multiplan [MULT3] e Iguatemi [IGTI11] sofrem queda de 21% e 18%, respectivamente. A queda é bastante desproporcional, mas ainda há oportunidade de investimento no setor, de acordo com a analista da Levante Caroline Sanchez.

Nos dois últimos anos, a analista aponta que as ações de shopping obtiveram desempenho muito forte, impulsionadas por vários fatores, entre eles a retomada da pandemia da Covid-19. Ao mesmo tempo, existia uma base comparativa fraca devido ao lockdown entre 2020 e 2021, o que favoreceu o cenário macro.

Era um cenário que o mercado preferia estar menos exposto a risco, segundo Sanchez.

“Já que papéis de shoppings são mais defensivos, foi um ótimo momento para capturar essa retomada”, ressaltou. “Aconteceu uma questão de demanda reprimida.” 

A analista também enxerga o mercado mais cético em relação à forte retomada do consumo para este ano. Além disso, embora ainda esteja abaixo dos níveis pré-pandemia, o endividamento continua alto, em torno de 73%, mesmo com a taxa de desemprego mais controlada e juros um pouco mais baixos que nos últimos anos.

Ainda assim, ela afirma que é um momento bastante desafiador para o varejo, visto que os juros devem continuar no patamar entre 10% e 10,5% possivelmente até o ano que vem. Ao mesmo tempo, Sanchez acredita que esse é um ótimo momento para investir em ações de shoppings.

Indo na mesma direção, o estrategista de ações da Nomos, Max Bohm, destaca que os fundamentos do setor seguem sólidos, então começará a responder bem no mercado assim que os juros longos amenizem.

Para investimentos, Bohm sugere os papéis da Alos [ALOS3] e Iguatemi [IGTI11], pois “a tendência é melhora de resultados, e venda de ativos não estratégicos, o que tende a ser positivo ao longo do segundo semestre”. 

E os Fundos Imobiliários?

Os fundos imobiliários (FIIs) que investem em shoppings também não escapam do desempenho negativo. HGBS11, HSML11, MALL11, VISC11 e XPML11, os cinco fundos mais conhecidos no IFIX – Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários – demonstram rentabilidade negativa este ano, porém esse é um movimento mais técnico, frisou o analista de investimentos da Nomos Redyson Matos.

Por trás desse movimento está o efeito de juros nos Estados Unidos, visto que o mercado se surpreendeu com a mudança de narrativa do Federal Reserve (Fed), que antes previa um corte de juros até junho, mas o prognóstico foi sendo dissipado conforme dados piores de inflação são divulgados. 

No Brasil, os fundos imobiliários também sentem a ruptura no fiscal. O analista explica que essa mudança fez com que o mercado começasse a reprecificar os fundos, principalmente com a expectativa da Selic permanecer mais alta. 

“Então, na mesma ótica que as ações, os fundos são sensíveis a variações de juros”, pontuou.

Em sua leitura, o começo de 2024 foi mais positivo para os fundos de shoppings, já que vários fizeram subscrições de cotas, captando mais recursos, pois o mercado estava aquecido devido a percepção de que a Selic chegaria abaixo de 10%.

Ao mesmo tempo, Reydon mantém visão positiva para os fundos de shopping, porque acredita que a variação negativa seja um fenômeno mais conjuntural. Além disso, são papéis que seguem negociando muito abaixo do valor patrimonial, seguindo como boa alternativa para dividendos.

“São fundos que vão pagar próximo a 9% e 10%, o que pode ser destaque em um cenário de longo prazo, caso a Selic continue a cair”, concluiu.

 

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