Energia se torna um ponto de atenção para a inflação na Zona do Euro

group of flags of the European Union waving in the wind in front of the European Parliament building.
por Benndorf Research

 

De acordo com dados preliminares, a taxa de inflação da Zona do Euro deve contrair 0,3% na comparação mensal em novembro. Na comparação anual, espera-se que o índice registre variação de 2,3%, acima dos 2% registrados em outubro. O núcleo do indicador, por sua vez, registrou variações de -0,6% m/m e 2,7% a/a.

Entre meses, o único segmento que tende a contribuir para a deflação é o de serviços (-0,9%). Além disso, é esperado que os bens industriais não energéticos fiquem estáveis, a energia suba 0,6% e os alimentos aumentem 0,3%.

Na comparação anual, os serviços seguem com a maior variação (3,9%), seguidos pelos alimentos (2,8%) e pelos bens industriais não energéticos (0,7%). De modo geral, todos esses segmentos mantiveram suas variações anuais registradas em outubro. Entretanto, a energia registrou deflação de 1,9% nos últimos 12 meses, valor bem menor do que os -4,6% computados no mês anterior e que está associado aos temores de uma possível interrupção no fluxo de gás natural russo.

O cenário de oferta de gás para 2025 volta a ficar nebuloso à medida que as sanções dos Estados Unidos ao Gazprombank dificultam o processamento de pagamentos europeus e o acordo de trânsito entre a Rússia e a Ucrânia está programado para expirar ao final do ano. Relatórios da Gazprom não esperam fluxo de gás pelo território ucraniano após 31 de dezembro, refletindo a recusa de longa data da Ucrânia em estender o acordo.

De momento, os estoques de gás europeus estão 87,4% cheios e devem ser suficientes para suportar esse fim de outono e o período de inverno, mas com o fim do fluxo de gás em 2025 e uma redução mais acentuada dos estoques a tendência é que os preços do gás natural sigam em alta. Ademais, caso o continente enfrente um inverno mais rígido e com ondas de frio, podemos ver uma volatilidade ainda maior nos preços, prejudicando a evolução da trajetória desinflacionária.

Diante da conjuntura atual, o BCE vai perdendo margem de manobra e se vendo forçado a promover reajustes marginais na taxa de juros para tentar ganhar tempo para analisar a evolução da inflação. Contudo, o tempo se esgota rapidamente à medida que as duas principais economias do bloco apresentam desempenhos fracos e atravessam crises políticas, ao mesmo tempo que as tensões geopolíticas crescem e a chegada de Trump e suas políticas protecionistas à Casa Branca se aproximam.

Dito isso, esperamos corte de 0,25 p.p. na reunião de dezembro, em linha com as projeções do mercado, e um cenário cada vez pior para as economias europeias, que podem até mesmo enfrentar uma crise econômica no próximo ano, prejudicando o desempenho dos principais índices acionários.

 

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