por Renato Nobile
Para o investidor brasileiro, diversificar internacionalmente deixou de ser opção para se tornar necessidade em um mundo de incertezas cambiais e juros voláteis. Os investimentos em renda fixa cresceram muito nos últimos anos no Brasil, inclusive se diversificando cada vez mais com títulos atrelados ao mercado de infraestrutura ou agronegócio. Com o aumento de incertezas geopolíticas ao redor do mundo e a maior qualificação do investidor brasileiro, a renda fixa americana, com sua combinação única de segurança e retorno em dólar, surge como peça-chave nessa estratégia – e hoje está mais acessível do que nunca.
O atrativo dos títulos americanos
Dentre os títulos do Tesouro Nacional a LFT, bem como outros títulos de renda fixa atrelados ao CDI, estão entre os investimentos mais populares do país. Isso acontece porque, por mais que apresentem variações na rentabilidade, seu rendimento não costuma apresentar fortes oscilações de curto prazo, tornando os rendimentos mais previsíveis.
Nos EUA, os títulos que apresentam um o comportamento mais parecido são conhecidos como T-Bonds (longo prazo), T-Notes (médio prazo) e T-Bills (curto prazo), principalmente estas que tem oscilações de preço ainda menores. Esses ativos são reconhecidos por oferecer segurança financeira global e são utilizados nas “estratégias de caixa” dos maiores investidores do mundo.
Com classificação de crédito máxima e lastreados pela maior economia do mundo, eles oferecem três vantagens principais:
Primeiro, a proteção cambial. Enquanto o real sofre com volatilidade – tendo perdido mais da metade de seu valor ante o dólar na última década -, esses títulos “pagam” juros e devolvem o principal em moeda forte. Segundo, os retornos atrativos: com os juros americanos entre 4,25% e 5,5% ao ano, superam a maioria dos títulos públicos de economias desenvolvidas. Terceiro, a liquidez incomparável – o mercado de títulos americanos é o mais profundo do mundo, permitindo comprar e vender posições com facilidade ímpar.
Os obstáculos para o investidor brasileiro
Apesar dessas vantagens, investir diretamente nesses títulos sempre esbarrou em três barreiras: a necessidade de abrir conta no exterior, a complexa tributação (imposto retido na fonte nos EUA, mais a declaração no Brasil) e os custos de transação em corretoras internacionais. Para muitos, esses desafios tornavam a diversificação em dólar algo restrito a grandes investidores.
A solução que chegou ao mercado local
Para maximizar os retornos da Renda Fixa, surgiu nos Estados Unidos um tipo de ETF que compra T-Bonds ou T-Bills e utiliza de uma estratégia de opções de baixo risco para gerar um rendimento extra para a carteira. Foi nesse contexto que surgiram os ETFs sintéticos no Brasil como o FIXX11, que replicam a performance da renda fixa americana diretamente na B3 e conta com a mesma estratégia para gerar retornos ligeiramente superiores. Esse tipo de produto oferece uma ponte inteligente para o mercado global, combinando dois benefícios cruciais:
A eficiência tributária vem em primeiro lugar. Enquanto o investimento direto nos EUA tende a ser duplamente tributado, o FIXX11 tributa apenas 15% sobre os rendimentos – e tudo é resolvido no Brasil, sem necessidade de declarações complexas.
Em segundo lugar, a praticidade operacional. Não é preciso abrir conta no exterior nem lidar com transferências internacionais – tudo funciona como uma compra de ação comum na bolsa brasileira, com liquidez diária.
Como posicionar no seu portfólio
Para investidores de todos os perfis, alocar uma parte do portfólio em exposição à renda fixa americana pode servir como âncora cambial e proteção contra crises locais. Os perfis mais arrojados podem combinar essa posição com ETFs de ações globais, criando um mix equilibrado entre segurança e potencial de valorização.
O importante é entender que, em um mundo de fronteiras financeiras cada vez mais fluidas, ter parte dos investimentos atrelados a uma moeda forte e a uma economia estável deixou de ser luxo para se tornar elemento básico de planejamento financeiro. E com os instrumentos disponíveis hoje no mercado brasileiro, essa diversificação está ao alcance de qualquer investidor, não importa o tamanho do seu capital.
Um último aviso
Como qualquer investimento, a renda fixa americana – seja via ETFs como o FIXX11 ou diretamente – não está livre de riscos. A valorização do real pode corroer ganhos em dólar, mudanças nas taxas de juros americanos afetam os preços dos títulos, e até mesmo a solidez dos EUA não é absoluta (como mostrou o debate sobre o teto da dívida em 2023). Dito isso, o mais importante no mundo de investimentos é sempre a diversificação.
O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.