Agosto, o mês do short squeeze

tesouro direto

Após um primeiro semestre apático, a intensidade do apetite ao risco registrado na B3 nas últimas semanas é, no mínimo, curiosa. Indo além do novo recorde do Ibovespa, o mercado local viu valorizações estrondosas de papéis como CVC [CVCB3], mais recentemente, assim como IRB [IRBR3], Casas Bahia [BHIA3], Magazine Luiza [MGLU3] e, principalmente, a Ambipar [AMBP3]. 

Pois é, já se pode classificar agosto como o mês dos short squeezes. 

Ambipar [AMBP3] 

O evento foi desencadeado pela recompra da participação pela própria empresa e seu controlador, ao perceberem o volume de aluguel significativo na ação. Dessa maneira, os papéis da companhia dispararam. 

Destacado como um dos maiores short squeezes da B3 na história, o caso Ambipar surpreendeu ao sair de 10 milhões de ações alugadas em junho para 6 milhões em julho. Além disso, o volume de negociação saltou de R$ 9 milhões diários em meados de junho para a média de R$ 200 milhões por dia em julho. 

Desempenho de AMBP3 de 2021 a 2024. [Fonte: Filipe Borges/ProfitPro]

CVC [CVCB3]

Neste caso, o salto de 22% desta quarta-feira (21) está relacionado à notícia de que os fundos de investimentos sob gestão da WNT passaram a deter 26.333.100 ações ordinárias da CVC, o equivalente a 5,01% do capital social impulsionam o papel. 

O curioso foi a associação instantânea da compra ao empresário Nelson Tanure pelo mercado. O empresário já utilizou a estrutura da gestora para adquirir participação em outras companhias, como a Light [LIGT3] e o TC [TRAD3]. Apesar disso, a assessoria de Tanure negou envolvimento na compra das ações da empresa de turismo. 

IRB [IRBR3]

Diferentemente da Ambipar, o short squeeze do IRB ocorreu após a divulgação do balanço do segundo trimestre de 2024, quando a empresa mostrou R$ 65,2 milhões de lucro líquido, elevando a recomendação. Essa informação fez com que IRBR3 saltasse 30,66%. 

O mercado não esperava resultados positivos da companhia, enxergando que a seguradora seria muito mais afetada pelos acontecimentos trágicos no Rio Grande do Sul do que de fato aconteceu. 

Casas Bahia [BHIA3] e Magazine Luiza [MGLU3]

O gatilho aqui foi diferente. A subida inesperada dos papéis das varejistas aconteceu após a gestora Squadra citar em sua carta aos cotistas, divulgada no último domingo (18), que encerrou sua posição vendida no setor de varejo. 

Além do comentário mais geral sobre as varejistas, a carta trouxe menções elogiosas à gestão recente de ambas as empresas, fazendo as ações saltarem. Apenas no dia seguinte à divulgação da carta, Magalu saltou 10,65% e as Casas Bahia, 15,61%.  

Short squeeze x Ibovespa 

Dos quinze pregões de agosto, o índice subiu em onze, chegando a sua máxima histórica na terceira semana do mês. Apesar dos short squeezes e o novo recorde do benchmark terem acontecido praticamente em simultâneo, correlação nem sempre é causalidade. 

Para Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, a alocação de capital estrangeiro na B3 é um dos agentes que impulsionaram o Ibovespa, com o fluxo de compra se tornando atrativo e o mau desempenho da moeda brasileira no primeiro semestre de 2024, o Brasil se tornou mais atraente. “Aos olhos do investidor estrangeiro, a bolsa brasileira virou uma oportunidade”, afirmou Petrokas. 

Entretanto, os papéis que passaram por short squeeze não são alvos do fluxo estrangeiro entrando na bolsa. Com exceção do IRB, as outras empresas não apresentavam pontos decisivos para o investimento do exterior. 

“O investidor estrangeiro busca estabilidade, busca empresas com uma boa governança, balanços equilibrados, boas perspectivas, ações que entregam uma boa margem de lucro.”, informou Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research. “Eles visam, principalmente, ações mais sólidas e mais tranquilas, com uma boa margem de lucratividade.”, complementou Borges. 

Ou seja, dentro ou fora do Ibovespa, o sol de agosto não é para todos. O que explica as quedas sucessivas de Lojas Marisa [AMAR3] e Americanas [AMER3]. 

Oportunidade em small caps

À medida que ações de empresas com menos capilaridade recebem a atenção do mercado, ao mesmo tempo em que o principal índice da B3 sobe desenfreadamente, é compreensível que os olhos se voltem para as small caps. Afinal, enquanto o Ibovespa renova sucessivos recordes, o índice SMLL ainda está 50% abaixo de sua máxima histórica. 

A atipicidade do movimento recentemente visto nos últimos pregões, mesmo que empolgue, liga um alerta. Na visão do analista técnico Filipe Borges, a tendência é que o mercado inteiro possa corrigir nos próximos dias. 

“Se você olhar o gráfico intradiário de 60 minutos, você vê que um evento como esse ocorre geralmente a cada dois ou três anos. Todas as outras vezes, o mercado pode até ter subido um pouquinho mais, mas depois a correção foi um pouco mais forte.”, alertou o especialista. 

Gráfico intradiário de sessenta minutos. [Fonte: Filipe Borges/ProfitPro]
Portanto, a recomendação é de cautela, mediante a força de correção que o mercado pode apresentar. “Eu teria cautela nesse momento na abertura de muitas posições na Bolsa, visto que nós já subimos 12, 13 mil pontos desde o último fundo e sem correção.”, finalizou o analista da Benndorf Research.

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