A produção industrial chinesa cresceu 7% no período entre janeiro e fevereiro combinados, superando os 6,8% anteriores e batendo as projeções de 5% do mercado. Essa é a taxa mais expressiva de crescimento em quase dois anos.
O resultado foi alavancado pelo bom desempenho das manufaturas (7,7% x 7,1% em dezembro) e dos serviços de utilidade pública (7,9% x 7,3%), enquanto a mineração avançou a uma taxa mais lenta (2,3% x 4,7%). Entre as indústrias, a produção ganhou ritmo em computadores e comunicações (14,6% x 9,6%) e têxteis (6,6% x 2,1%).
Além disso, o crescimento continuou em diversos segmentos como a mineração de carvão (1,4% x 5,8%), a indústria de petróleo e gás natural (4,1% x 4,6%), os metais não ferrosos (12,5% x 12,9%), químicos (10% x 11%) e carros (9,8% x 20%).
No mais, as vendas no varejo do país cresceram 5,5% a/a no período consolidado de janeiro e fevereiro, superando o consenso de 5,2% mas desacelerando dos 7,4% computados em dezembro. Foi o 13º mês consecutivo de crescimento no volume de vendas no varejo.
O varejo foi beneficiado pelo aumento das vendas de grãos e óleos (9% x 5,8% em dezembro), ouro, prata e joalheria (5% x 29,4%), vestuário (1,9% x 26%), móveis (4,6% x 2,3%), equipamentos de comunicação (16,2% x 11%), carros (8,7% x 4%) e produtos de óleo (5% x 8,6%).
Além disso, as vendas se recuperaram nos segmentos de eletrodomésticos (5,7% x -0,1%) e materiais de construção (2,1% x 7,5%). Por outro lado, houve novas quedas em cuidados pessoais (-0,7% x -5,9%) e suprimentos de escritório (-8,8% x -9%).
A China tem surpreendido ao apresentar dados macroeconômicos melhores do que o esperado nos setores secundário e terciário nesse começo de ano, compensando parte dos efeitos bastante negativos causados pela crise do setor imobiliário.
Entretanto, ainda permanecemos cautelosos com o case chinês, visto que o início de ano é marcado pelo festival de Ano Novo Lunar, principal feriado do país e período em que há um aumento considerável da demanda e das viagens.
Dito isso, na ausência de novos pacotes de estímulos fiscais para incentivar o consumo e solucionar a crise imobiliária, entendemos que o nível atual de consumo e produção não deve se manter no restante do ano, em linha com as projeções de crescimento abaixo de 5% em 2024.