A longo prazo, as ações japonesas podem muito bem continuar a avançar graças ao retorno da inflação moderada
Depois de um avanço impressionante para máximas históricas, as ações japonesas podem estar ficando sem catalisadores no curto prazo.
O índice de referência Nikkei ultrapassou os 40.000 pela primeira vez no mês passado, impulsionado pelo crescimento dos lucros, um iene mais fraco e melhorias na governança corporativa, incluindo mais recompras de ações. Com um ganho de 21% no primeiro trimestre, o índice foi o melhor desempenho entre os principais mercados globais.
No entanto, ao entrar no segundo trimestre, o mercado já incorporou grande parte das boas notícias e agora parece mais vulnerável a decepções no curto prazo, dizem alguns analistas.
Fumio Matsumoto, estrategista-chefe da Okasan Securities, disse que os investidores podem ter sido excessivamente otimistas em relação às perspectivas de crescimento adicional dos lucros, recompras de ações e inflação.
Isso porque a recente força nos resultados corporativos foi impulsionada em parte por fatores incomuns, como a recuperação da pandemia, enquanto o aumento nas recompras vem após algumas empresas terem limitado as recompras durante a era da Covid-19. O atual ressurgimento da inflação após décadas de ganhos de preços baixos ou negativos se deve em grande parte a fatores externos, acrescentou.
“Não estou dizendo que haverá um choque econômico, mas o mercado tem sido otimista e se as coisas não se concretizarem como esperado, haverá um ajuste”, apontou Matsumoto. “É melhor ficarmos atentos à possibilidade de aumento da volatilidade para baixo.”
A Okasan prevê que o Nikkei encerrará o ano em 36.700. O índice fechou em alta de 0,1%, em 39.838,91 nesta terça-feira (02), após uma queda de 1,4% no dia anterior.
O mercado oscilou no início da semana depois que a pesquisa trimestral de empresas do Banco do Japão mostrou que o sentimento entre os grandes fabricantes japoneses piorou pela primeira vez em um ano.
O maior risco para as ações japonesas é a deterioração da economia dos EUA, afirmou Masayuki Kubota, estrategista-chefe da Rakuten Securities. Isso provavelmente levaria a taxas de juros mais baixas nos EUA, resultando em um iene mais forte em relação ao dólar, bem como em lucros corporativos japoneses mais fracos, ressaltou ele.
“A economia dos EUA provavelmente está forte este ano, mas isso não significa que continuará sendo no próximo ano e nos seguintes”, pontuou Kubota.
Um iene mais forte faz com que o valor dos lucros das empresas japonesas no exterior pareça menor em termos de iene. O dólar estava recentemente em 151,72 ienes após subir para uma máxima de 34 anos de 151,97 ienes na semana passada.
A longo prazo, as ações japonesas podem muito bem continuar a avançar graças ao retorno da inflação moderada, dizem os analistas. Ao contrário de falsas esperanças anteriores, desta vez a economia parece ter deixado a deflação para trás, afirmam.
O maior sindicato trabalhista do Japão divulgou no mês passado que as grandes empresas planejam aumentar os salários em uma média de 5,28% este ano, o maior aumento desde 1991. Os preços médios das terras no país subiram 2,3% em 2023, o maior aumento desde 1990, mostraram dados do governo na semana passada.
A recente saída do Banco do Japão de sua política de taxas de juros negativas é um sinal de que o banco central agora acredita que “a inflação está se enraizando no Japão”, disse Kubota da Rakuten.
(Com The Wall Street Journal; título original: Japan’s Wolrd-Beating Stock Gains May Lose Steam; tradução feita com auxílio de IA)
