O PMI Industrial da Zona do Euro ganhou 1 ponto em dezembro e atingiu 48,8 pontos, máxima de 5 meses e levemente abaixo dos 49 registrados na prévia, ainda em território contracionista mas que indica redução marginal da atividade industrial.
Em janeiro, os volumes de produção e os novos pedidos continuaram retraindo, mas em ritmos mais lentos que sugeriram que o pior já havia passado. Alguns países da região chegaram a registrar expansão do indicador, mas a Alemanha, por exemplo, continuou registrando quedas acentuadas.
Enquanto isso, os estoques de bens finais recuaram pela primeira vez desde maio do ano passado e o estoque de insumos permaneceu inalterado, retratando os esforços dos fabricantes para alinhar a necessidade de insumos com a conjuntura econômica atual.
Nesse sentido, a atividade de compra dos fabricantes permaneceu em queda, enquanto os tempos de entrega dos fornecedores ficaram inalterados, fatores que juntos contribuíram para reduzir as pressões de custo entre os países do euro, com a inflação de insumos desacelerando para a mínima de 26 meses. Entretanto, os custos de produção aumentaram em uma velocidade mais rápida e os preços de venda seguiram avançando em uma taxa mais acelerada.
Embora a demanda e a produção sigam desacelerando e sem muitos drivers no futuro próximo, os fabricantes aumentaram sua força de trabalho em uma taxa recorde dos últimos 3 meses.
Por último, houve uma nova melhora notável na confiança dos negócios, com as expectativas de crescimento atingindo o patamar mais forte desde fevereiro de 2022.
A indústria voltou a ganhar ritmo amparada em grande parte pelas expectativas de desempenho melhor nos próximos meses, possibilitadas pela diminuição das preocupações relacionadas à oferta de gás natural e ao mercado energético europeu graças aos auxílios governamentais e temperaturas mais amenas e pela retomada da economia chinesa.
Além disso, a melhora notável das cadeias de suprimentos permitiu que a produção avançasse. Juntos, os fatores contribuíram para a desaceleração da maior taxa de inflação que o bloco já registrou, reanimando os produtores, consumidores e investidores europeus, e alimentando projeções de uma recessão mais leve com possível retomada no fim de 2023.
Contudo, ressaltamos que grande parte da queda da inflação pode ser atribuída à energia enquanto o núcleo do indicador segue estável na máxima histórica, apontando para persistência de preços elevados em setores considerados menos voláteis, fator que deve levar o BCE a promover mais dois aumentos de 0,5 p.p. na taxa de juros e manter o discurso marcadamente hawkish para ancorar as expectativas de inflação, ultimamente culminando em uma recessão mais aguda do que a esperada para os Estados Unidos.
Dito isso, acreditamos que a indústria deve seguir em território contracionista diante do cenário de recessão, juros elevados e inflação acima da meta, mas o repique da China pode favorecer alguns países do bloco, como a Alemanha, que é também um dos mais prejudicados atualmente, potencialmente contribuindo para um ritmo de atividade mais acelerado rumo ao fim do ano.