Isabela Jordão
Além de ser destaque global em tecnologia bancária, o Brasil está adiantado na integração ao universo dos criptoativos. O país foi o terceiro no mundo a ter um ETF de cripto aprovado – o HASH11, lançado em 2021 pela gestora Hashdex.
A B3 já disponibilizou a negociação de futuros de Bitcoin à vista neste ano, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou na última segunda-feira (12) o registro do primeiro ETF da altcoin Solana do continente. A aprovação de um produto semelhante nos EUA ainda é apenas um rumor.
E tem mais pela frente. Um contrato futuro de Ethereum, o segundo principal criptoativo, deve estrear em 2025, adiantou Eduardo Marques, diretor de produtos (CPO) da B3 Digitas, em discurso no painel “Be in Crypto”, do Rio Innovation Week, na última terça-feira (13). Ele defendeu que a Bolsa e o universo cripto são sinérgicos.
O cenário atual no Brasil é de conscientização pública sobre o peso das criptos para a economia real, com a atuação de instituições como a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), a Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto) e a própria CVM.
“É muito interessante viver o momento que a gente está vivendo”, expressou Eduardo, ao completar que vê o mercado cripto “ativo e funcionando”.
No entanto, é necessário paciência, acrescenta o CPO da B3 Digitas. Criptomoedas ainda carregam parte da antiga pecha de terem ilegalidades como lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo como finalidade. Por conta disso, as regulações tendem a desenvolver o mercado.
Foi um produto regulado, aliás, que estabeleceu o primeiro contato da B3 com o universo cripto. Em 2017, a gestora B2V Crypto lançou o primeiro fundo multimercado do Brasil com criptoativos no portfólio.
“Sempre é muito positivo ter um produto regulado”, diz Eduardo. Os fundos e contratos futuros garantem ao investidor interessado alternativas de investimento chanceladas pela própria Bolsa.
Foi ao constatar que a tecnologia de blockchain já está amadurecida o suficiente que o conselho de administração da B3 decidiu formalizar este ano uma empresa focada no segmento. O projeto da Digitas, no entanto, começou a ser construído em 2014, quando o universo cripto ainda não tinha tanta adesão.
A B3 Digitas surgiu para fornecer infraestrutura de negociação de criptoativos às instituições que atendem ao investidor diretamente – algo parecido com a relação entre a estrutura de negociação da B3 e as corretoras de investimento. É o caso do Banco Inter, cuja plataforma de negociação de cripto vem da Digitas.
O objetivo da nova investida da B3 é convergir forças para o mercado brasileiro, definiu Eduardo Marques. A companhia quer direcionar a expertise e robustez da B3, operadora da maior bolsa de valores da América Latina, para capilarizar a negociação de criptoativos no Brasil.