por Benndorf Research
O IPCA-15 teve alta de 0,54% em outubro, acelerando bastante em comparação com os 0,13% de setembro. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,71% e, nos últimos 12 meses, de 4,47%, acima dos 4,12% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês de outubro, com destaque para a variação e impacto dos grupos Habitação (1,72% e 0,26 p.p.) e Alimentação e bebidas (0,87% e 0,18 p.p.). Já os Transportes tiveram recuo de 0,33%, impactando o índice negativamente em 0,07 p.p.
Como já era esperado, o grupo Habitação foi puxado mais uma vez pela energia elétrica residencial, que passou de 0,84% em setembro para 5,29% em outubro em função da vigência da bandeira vermelha 2 a partir de 1º de outubro. O gás de botijão (2,17%) também ajudou a alavancar o índice.
Já em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio avançou 0,95% após três meses seguidos de contração. As principais contribuições vieram do contrafilé (5,42%), café moído (4,58%) e leite longa vida (2%). No lado negativo se destacam a cebola (-14,93%), o mamão (-11,31%) e a batata-inglesa (-6,69%). A alimentação fora do domicílio acelerou para 0,66% em outubro influenciada pelas variações maiores tanto na refeição como no lanche.
Por fim, nos Transportes, mais uma vez as passagens aéreas (-11,4% e -0,08 p.p.) foi o item de impacto mais relevante. O ônibus urbano (-2,49%), o trem (-1,59%) e o metrô (-1,28%) também tiveram contribuição negativa. Os combustíveis (-0,01%) ficaram praticamente estáveis, com quedas mais relevantes no gás veicular (-0,71%) e no óleo diesel (-0,23%), enquanto o etanol (0,02%) e a gasolina (0%) não tiveram alterações.
A alta mais expressiva do IPCA-15 em outubro pode ser muito atribuída à vigência da bandeira vermelha 2, comportamento que certamente será repetido no índice cheio. Entretanto, por ser algo pontual não esperamos que isso se repita nos próximos meses, mas outras atividades devem começar a incorporar os custos operacionais mais altos. Por fim, vemos a inflação bastante pressionada nesse fim de ano e esperamos um resultado final muito próximo do limite superior da meta ou até mesmo acima, algo que manterá o Copom mais hawkish e pode prejudicar o desempenho da bolsa, especialmente segmentos cíclicos.