Como fica a Cielo [CIEL3] diante do último lançamento da Apple?

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Maior alta do Ibovespa no ano passado, com 136,5% de alta, a Cielo [CIEL3] amarga 32% de queda em 2023. O operacional da companhia, entretanto, se manteve em crescimento constante e vai encarar agora o anúncio da Apple [AAPL34] sobre a chegada do serviço de pagamentos com o iPhone, que dispensa maquininhas de pagamentos.

A empresa da maçã comunicou na última terça-feira (19), a chegada do “Tap to Pay” no Brasil, recurso para pagamentos por aproximação com o iPhone – equivalente ao “Google Pay”, disponível para celulares Android.

“O sistema de recebimentos por celular já tem feito diferença no balanço da Cielo, o que tende a ter continuidade”, diz Matheus Nascimento, analista da Levante. 

A companhia registrou 10,2% de crescimento no volume de transações por aproximação no primeiro trimestre deste ano, número parcialmente fruto do aumento da popularidade dos pagamentos por celular, aponta.

Para o analista, o lançamento do software da Apple pode sim ter impacto negativo no balanço da Cielo, pois, sendo um recurso gratuito para comerciantes, “aumentará a concorrência no mercado de pagamentos por celular”. 

A concorrência é um risco já relativamente antigo

A própria Cielo lançou recentemente uma plataforma semelhante, o Cielo Tap, direcionada a empresas com faturamento de até R$ 10 mil mensais. Pequenos comerciantes são os mais beneficiados por esse tipo de recurso, que exclui a necessidade de um terminal de pagamento físico.

Segundo Matheus, apesar da Cielo ser líder no mercado de pagamentos por aproximação, o lançamento do Tap to Pay vai forçar a companhia a se adaptar para manter a posição no mercado. 

Também ressaltando a liderança da Cielo é que Carlos Daltozo, head de equities da Eleven Financial, minimiza o peso do sistema de recebimento por celular para o balanço da companhia. 

O diferencial da empresa que tende a mantê-la em destaque ante os concorrentes é o nível de segurança oferecido aos clientes. “A Cielo tem um sistema muito robusto de prevenção de perdas e fraudes que, principalmente para os grandes varejistas, faz toda a diferença.”

Se é líder, por que caiu tanto?

A desvalorização de CIEL3 neste ano é mais fruto de fatores macro que microeconômicos, defende Daltozo, relembrando o passado recente da companhia.

Foi em 2021 que a Cielo começou a ganhar mais eficiência operacional, principalmente em termos de controle de despesas. Por consequência, frisa o especialista, a Eleven mudou a recomendação das ações da empresa para “compra” no segundo semestre do mesmo ano, projetando melhora nas margens em 2022 – “e foi o que realmente aconteceu”. 

“De fato”, reitera Matheus Nascimento, “o nível dos resultados reportados ao longo de 2022 e início de 2023 apresentam níveis de crescimento atrativos, quando observados os desempenhos combinados de Cielo e Cateno” – a fintech da Cielo. 

Fazendo jus à máxima “o preço desconta tudo”, a cotação das ações acompanhou o crescimento da lucratividade nos balanços do ano passado.  

Atualmente, a empresa “continua entregando um crescimento saudável”, diz Carlos Daltozo. Assim, a desvalorização de CIEL3 reflete a expectativa de crescimento frustrado da indústria como um todo, justifica. 

Ele correlaciona o desempenho do papel aos resultados muito aquém do esperado nos setores de consumo e varejo. “Obviamente refletem nas credenciadoras, mas a expectativa ainda é favorável para a Cielo.”

Já o analista da Levante atribui a realização de lucros em 2023 a um crescimento robusto da concorrência, o qual tende a prosseguir. Todavia, Matheus também considera o peso do cenário macro. A indústria de sistemas de pagamentos vem apresentando piora na margem. 

Painel de recomendações de CIEL3 em 21 de setembro de 2023. [Fonte: Bloomberg]
A Levante não vê uma oportunidade atrativa de investimento a longo prazo em CIEL3, “considerando risco e retorno das ações da empresa”. Por mais que a companhia venha buscando se manter entre os principais players de seu nicho, a Cielo segue com desempenho abaixo dos pares, analisa Matheus. 

A Eleven, por sua vez, reitera a recomendação de compra para a empresa. “A companhia se reinventou, continua ainda como líder de mercado, tem alguns diferenciais competitivos muito relevantes, então a gente entende que ainda vale o investimento.”

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