Os preços aos produtores americanos recuou 0,5% em março, queda mais expressiva desde abril de 2020, desacelerando ainda mais após a estabilidade de fevereiro. Em relação a março de 2022, o indicador teve alta de 2,7%. Já o núcleo do IPP registrou alta marginal, de 0,1%.
Cerca de dois terços do resultado de março pode ser atribuído a uma queda de 1% nos preços do bens de demanda final. O índice de serviços também contribuiu com a deflação ao recuar 0,3% no mês.
Os preços dos bens caíram em março muito em função do recuo de 6,4% nos preços da energia, sendo a gasolina (-11,7%) o item de maior contribuição.
Outros índices também contribuíram com a queda, como o diesel, gás natural residencial, combustível de avião, energia elétrica e vegetais secos e frescos. Por outro lado, entre as altas estiveram os caminhões leves, os ovos de galinha e as carnes.
Entre os serviços, a contração de 0,9% nas margens dos serviços comerciais foi a principal causa do resultado negativo. No detalhe dos produtos, as quedas de 7,3% nas margens de maquinário e atacado de veículos foram fatores decisivos para o resultado de março.
A deflação registrada na indústria em março chegou ao consumidor através dos preços menores da gasolina, como destacamos no resultado da inflação aos consumidores americanos ontem, algo positivo porque mostra que há repasse ao longo da cadeia produtiva.
Contudo, o fato do resultado ser amplamente atribuído à queda da energia, em especial da gasolina, nos faz questionar se há um caráter sustentável nessa redução de preços após o novo corte de produção pela OPEP+ e expectativa de demanda recorde da China.
Dessa forma, esperamos pressões inflacionárias renovadas diante da valorização do barril do petróleo ao longo dos próximos meses se não houver novas vendas das reservas estratégicas de petróleo do país.