A taxa de desocupação brasileira foi a 8,6% no trimestre encerrado em fevereiro, um aumento de 0,2 p.p. em relação ao trimestre móvel imediatamente anterior e de 0,5 p.p. em comparação com o trimestre encerrado em novembro do ano passado, seguindo a tendência de crescimento que havíamos projetado. Em relação ao mesmo período do ano anterior, entretanto, o indicador recuou 2,6 p.p.
A população desocupada foi de 9,2 milhões no período, uma alta de 5,5% em relação aos três meses anteriores, mas um recuo de 23,2% na comparação anual. Já o contingente de pessoas ocupadas (98,1 milhões) diminuiu 1,6% na comparação trimestral e subiu 3% ante o mesmo período de 2022. O nível de ocupação, estimado em 56,4%, caiu 1 p.p. entre trimestres e subiu 1,2 p.p. entre anos.
A taxa composta de subutilização foi de 18,8% no período, estável em relação ao trimestre anterior e 4,7 p.p. menor que a registrada em período idêntico de 2022.
No mais, o número de empregados com carteira assinada no setor privado foi de 36,8 milhões, também inalterado entre trimestres, mas 6,4% maior do que a registrada no mesmo período de 2022. Ao mesmo tempo, os empregados sem carteira assinada totalizaram 13 milhões, queda de 2,6% t/t e alta de 5,5% a/a. A taxa de informalidade permaneceu em 38,9% da população ocupada.
Por fim, o rendimento real habitual (R$ 2.853) também não teve mudanças em relação ao trimestre anterior, mas cresceu 7,5% no ano. A massa de rendimento real seguiu a estabilidade entre trimestres, mas expandiu 11,4% na comparação anual.
O novo aumento do desemprego retrata o cenário de desaceleração interna à medida que a inflação volta a avançar, os juros permanecem elevados, a demanda é deprimida e temos recordes de inadimplência e endividamento.
Contudo, a retomada chinesa deve aliviar uma parte dos impactos internos, com efeito mais relevante a partir do segundo trimestre. Além disso, com a taxa de juros terminal americana mais próxima, um arcabouço fiscal a princípio sólido e expectativa de desaceleração da inflação a partir de maio, vemos espaço para cortes de juros a partir do segundo semestre do ano.
Esses fatores devem contribuir para a aceleração da economia caso se mantenham, provavelmente diminuindo o desemprego na segunda metade do ano.