A inflação da Zona do Euro passou de 6,1% a/a em maio para 5,5% a/a em junho, uma queda expressiva que pode ser atribuída em grande parte à base de comparação do preço da energia. Entretanto, o núcleo do indicador voltou a subir e atingiu 5,5% a/a, contra os 5,3% registrados no mês anterior, e retoma um patamar próximo às máximas históricas. Entre meses, a inflação europeia subiu 0,3%.
Na comparação mensal, as variações positivas vieram dos serviços (0,6%) e dos alimentos, álcool e tabaco (0,3%). Por outro lado, os bens industriais não energéticos (-0,1%) e a energia (-0,7%) ficaram com os resultados negativos.
Já em relação ao mesmo período do ano passado, os alimentos, álcool e tabaco (11,4% e 2,35 p.p.) tiveram a variação e o impacto mais expressivos. Na sequência, os serviços (2,31 p.p.) e os bens industriais não energéticos (1,42 p.p.) completaram os impactos positivos e foram parcialmente compensados pelo recuo de 5,6% nos preços da energia, que gerou um impacto de -0,57 p.p. e que pode ser explicado pela base de comparação alta dos preços do gás natural em junho do ano passado.
Tendo em mente que os preços da commodity energética seguiram em trajetória crescente até agosto de 2022, esperamos que a energia acentue sua contribuição na queda da inflação europeia ao longo dos próximos dois meses, com efeitos menores a partir de setembro.
Contudo, a nova alta do núcleo da inflação é o principal fator a ser destacado no resultado, visto que mais uma vez retrata a dificuldade que o BCE tem para controlar os preços no continente, algo que deve manter a autoridade monetária com uma posição hawkish para as próximas duas reuniões, pressionando ainda mais a atividade econômica.