Fed confirma alongamento do ciclo

O Fed optou por manter a taxa de juros americana no intervalo entre 5,25% e 5,5% na reunião de abril/maio, decisão que já era amplamente esperada pelo mercado após os dados mais fortes de inflação ao longo dos últimos meses e não surpreende.

No comunicado, a autoridade monetária manteve o discurso de que não julga apropriado reduzir a taxa básica até que tenha mais confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável para a meta de 2%.

Além disso, também houve uma manutenção dos comentários sobre os indicadores macroeconômicos, relatando atividade econômica expandindo em ritmo sólido, criação de empregos robusta e taxa de desemprego baixa.

Ademais, o FOMC comunicou que continua reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e MBS nos próximos meses, mas diminuirá o ritmo de resgate dos títulos do Tesouro de US$ 60 bilhões para US$ 25 bilhões em junho.

O ritmo dos MBS será mantido em US$ 35 bilhões. Em sua coletiva de imprensa, Powell afirmou o que todos já sabiam: a inflação americana segue muito alta e levará mais tempo do que o esperado anteriormente para que as autoridades do FED atinjam um nível de confiança adequado para reverter o ciclo de política monetária.

Ao mesmo tempo, Powell descartou a possibilidade do banco central americano retomar os aumento na taxa de juros e disse que o próximo movimento provavelmente será um corte, sinalizando o alongamento do ciclo atual.

Nesse sentido, o mercado, que antes precificava de forma mais acintosa o início do ciclo de cortes em setembro, coloca em dúvida agora o rumo da política monetária nessa reunião e passa a precificar novembro como um cenário mais certo para o primeiro corte. Já nós entendemos que caso o cenário atual se mantenha, podemos esperar um único corte na taxa de juros americana.

De modo geral, a reunião de abril/maio do FOMC não surpreende ninguém e apenas confirma o alongamento do ciclo de política monetária restritiva americana, que já estava sendo amplamente precificado pelo mercado há algumas semanas.

Há alguns pontos que devemos ficar atentos nessa conjuntura de juros altos por mais tempo nos EUA, como possíveis impactos na nossa política monetária (esperamos corte de 0,25 p.p. na reunião do Copom na semana que vem), no câmbio e consequentemente na inflação importada, e nas bolsas emergentes, que devem continuar prejudicadas por esse movimento.

Ainda assim, não vemos o macro brasileiro comprometido por conta disso e seguimos com perspectivas positivas para os segmentos mais cíclicos internos.

[Fonte: Benndorf Research]
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