Fim da festa? “Bancões” encerram sequência de 9 pregões de alta, à exceção de Itaú (ITUB3; ITUB4)

Edifício sede do Banco do Brasil, em Brasília.

Os quatro maiores bancos de capital aberto do Brasil encerraram nesta segunda-feira (15) a recente sequência de nove pregões seguidos de alta. Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) dispararam recentemente, diante da expectativa e repercussão dos balanços do segundo trimestre, nos quais apresentaram expansão da carteira de crédito e da margem financeira.

Juntos, eles lucraram R$ 26,6 bilhões entre abril e junho em termos recorrentes, alta de 20,6% em relação ao mesmo período de 2021. 

Os resultados foram bem recebidos pelo mercado. Na última sexta-feira (12), o Banco do Brasil ON apresentou a maior alta entre os quatro papéis, saltando 5,65%. O Bradesco PN subiu 1,24%, o Itaú PN saltou 1,21% e o Santander Unit registrou alta de 0,99%. 

Nesta segunda-feira, apenas as ações do Itaú – ON e PN – sustentaram ganhos. Em bloco, o setor testou alta, mas logo engatou queda, em realização de lucros. Afinal, a recente disparada das cotações tem potencial de se sustentar em prazos maiores?

O head de análise fundamentalista da Benndorf, Niels Tahara, explica que as companhias também têm conseguido controlar as despesas, enquanto as perspectivas de fim do aperto monetário pelo Banco Central e os melhores dados da inflação tendem a ter efeito positivo na inadimplência no médio prazo, uma das principais preocupações do setor.

“Considerando que essas companhias têm um balanço robusto e um índice de cobertura, vemos o setor entregando crescimento na rentabilidade, o que consideramos como muito positivo, dado o cenário”, afirma Niels.

Nos últimos anos, o surgimento dos bancos digitais pressionou as instituições financeiras tradicionais. Entretanto, apesar do temor, não foram visualizados impactos relevantes nos balanços corporativos dos bancões. 

De acordo com Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, e Raul Grego, analista da mesma casa, o Banco do Brasil apresentou mais um forte resultado no segundo trimestre deste ano, com lucro líquido ajustado dando um salto de 18% no período e 55% comparando com o ano anterior, alcançando R$ 7,8 bilhões.

Ainda de acordo com Carlos e Raul, o Bradesco teve “forte evolução na margem com clientes, bom controle de custos e expansão no crédito, mas a inadimplência continua como ponto de atenção”. O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 7 bilhões no 2T22, levemente acima do consenso de mercado. 

O Itaú também divulgou um bom resultado, com lucro líquido recorrente de R$ 7,7 bilhões, cerca de 2% acima do consenso de mercado. Segundo eles, a instituição financeira apresentou “forte crescimento na margem com clientes, impulsionado pelo maior volume de crédito”.

Enquanto isso, de acordo com os especialistas da Eleven, com margem bruta pressionada, inadimplência estável e bom controle de custos, o Santander informou que teve lucro líquido de R$ 4 bilhões no 2T22, um pouco acima do consenso de mercado, beneficiado pela menor alíquota de imposto.

Três dos quatro bancos superaram as estimativas da Eleven, com exceção do Santander, que veio alinhado às expectativas. 

Niels diz ter preferência pelo Banco do Brasil, “que possui um relevante desconto ante os pares e tem entregado um dos melhores resultados do setor, além de ter revisado seu guidance para cima no último resultado”. 

Contudo, também joga luz sobre o Banco ABC (ABCB4), por, segundo ele, ter uma abertura alta e um uma inadimplência baixa, dado o perfil da carteira de crédito voltado para empresas. 

“O banco ABC também tem demonstrado bom crescimento nos últimos trimestres no segmento middle, expandindo suas bases comerciais”.

Carlos e Raul apresentam posicionamento semelhante. Para eles, a expansão do middle e da taxa Selic mais alta impulsionam as margens do ABC Brasil, que apresentou bom resultado, com lucro líquido de R$ 201,7 milhões no 2T22.

Enquanto isso, Raphael Figueiredo, sócio e analista da Eleven, tem como preferência as ações do BTG Pactual (BPAC11), por apresentar resultados operacionais muito fortes e menor alinhamento aos movimentos no âmbito político do país. “É o que a gente tem de grande destaque quando não quer falar de um cenário de eleição”, explica.

Ele também complementa que a decisão sobre quais papéis operar é diretamente influenciada pelo futuro político do país. O sócio da casa de análise sugere atenção para o Banco do Brasil, devido aos resultados fortes e um desconto considerável na companhia. Contudo, esclarece que o ativo possui comportamento binário. 

“Evidentemente, se a gente tem vitória de um governo mais de direita, a tendência é que a gente continue tendo resultados cada vez melhores [do Banco do Brasil], mais eficientes, e inclusive há uma especulação de que ele possa pagar ainda mais dividendos. […] Por outro lado, uma vitória de um governo de esquerda e algumas intervenções, o mercado pode entender que não seja uma boa companhia. Então, fica um jogo de preto-vermelho”.

Mas Raphael não nega as qualidades do papel. “É sem sombra de dúvidas uma companhia que tem bons números, mas, neste momento, a gente se coloca numa posição neutra, por conta exclusivamente das eleições”.

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