As ações da Gafisa [GFSA3] acumularam quase 190% de alta entre 28 de dezembro do ano passado e a última quinta-feira (05). As ações chegaram a desvalorizar 31% na quarta-feira (04), mas reduziram bruscamente as perdas ao longo da sessão, fechando com pouco menos de 2% de baixa.
A disparada recente não deve ser interpretado como oportunidade para abrir posições em GFSA3, na visão da Benndorf. Filipe Borges, analista técnico da casa, define operações no ativo como “um risco completamente desnecessário para o investidor”. Da volatilidade esperada pelo especialista, os papéis devem apresentar “muitos gaps no intraday, de 5%, 10%, 15%”.
Para operações de day ou swing trade, o profissional não vê nenhuma oportunidade no momento. “Quem está bem comprado abaixo dos R$ 10, pra mim, realiza lucro, e quem está de fora, aguarda o desenrolar dessa história”, recomenda.
A performance de GFSA3, alerta Filipe, deve começar a se normalizar a partir desta sexta-feira (05), quando acontece uma assembleia geral da companhia. Enquanto isso, o analista da Benndorf recomenda aproveitar o momento para desfazer posições compradas – ele considera, inclusive, que quem adquiriu os papéis a cotações entre R$ 6 e R$ 8 já deveria ter realizado os lucros.
Operar vendido tampouco é um caminho recomendado. Filipe comenta que, dada a alta volatilidade das ações da Gafisa, o departamento de risco de corretoras como a XP Investimentos tem bloqueado a venda dos ativos.
“Ou seja, quem está vendido, alugado, e não tem mais o papel está tendo que comprar a mercado, e quem quer vender não está conseguindo.” A decisão das corretoras gerou uma pressão de compra expressiva em GFSA3, chamada short squeeze no jargão de mercado.
Contexto
Há dois drivers para o atual sentimento dos investidores em relação à Gafisa. O primeiro é um conflito judicial entre a construtora e o fundo Esh Theta. A gestora questionou legalmente o recente aumento de capital anunciado pela empresa, inclusive pedindo a saída de membros do conselho de administração da Gafisa.
Além disso, a empresa anunciou em 29 de dezembro a venda de sua fatia no Fasano Itaim, equivalente a 80% do empreendimento, por R$ 330 milhões. A transação foi muito bem-vista pelo mercado, comentou Filipe Borges.
O analista, entretanto, atribui à briga judicial o principal motivo para as oscilações recentes de GFSA3, tendo em vista a assembleia geral da empresa marcada para sexta-feira. Ele explica que, para votarem na assembleia, muitos acionistas precisaram recomprar as ações que estavam alugadas, impulso inicial para o short squeeze ampliado pela decisão posterior das corretoras.