O IGP-M recuou 0,95% em abril, após variar 0,05% em março. Nos últimos 12 meses o indicador acumula variação de -2,17%. Em abril, o IPA caiu 1,45%, após queda de 0,12% em março. Na análise por estágios de processamento, a taxa do grupo Bens Finais variou 0,81% em abril, influenciado pelo subgrupo alimentos processados, que passou de -0,96% em março para 0,65% em abril.
O índice relativo a Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, subiu 0,8%, após queda de 0,15% no mês anterior. Os bens intermediários aceleraram a queda ao passar de -1,08% em março para -1,74% em abril.
O subgrupo que mais contribuiu com a queda foi o de materiais e componentes para a manufatura (-1,23%). O índice ex, que exclui combustíveis e lubrificantes para a produção, recuou 1,05%. Por último, o estágio de Matérias-Primas Brutas caiu 3,2%, após variar 0,71% em março e foi o principal responsável pela queda do IPA.
Os itens de maior impacto foram: minério de ferro (-4,41%), soja em grão (-9,34%) e milho em grão (-4,33%), todos refletindo as quedas dos preços nos
mercados internacionais. Do lado das variações positivas estiveram: bovinos (2,65%), leite in natura (1,99%) e arroz em casca (2,32%). Já o IPC teve variação de 0,46% no período, desacelerando dos 0,66% de março. Três das oito classes de despesa componentes do índice tiveram taxas menores do que as registradas no mês passado.
A maior contribuição veio dos Transportes (2,22% para 0,85%), muito influenciada pela gasolina (6,52% para 2,39%), ainda precificando a reoneração de impostos. Outros grupos que desaceleraram foram: Habitação (0,84% para 0,62%) e Comunicação (0,46% para 0,21%), com destaque para o aluguel residencial (2,73% para 1,31%) e tarifa de telefone móvel (1,18% para 0,55%), respectivamente.
Entre os grupos que aceleraram, se sobressaíram: Educação, Leitura e Recreação (-1,5% para -0,96%), Alimentação (0,14% para 0,36%) e Vestuário (0,2% para 0,31%). O grupo Saúde e Cuidados Pessoais (1% para 1,01%) subiu influenciado pelo *reajuste de medicamentos*. Finalmente, o INCC acelerou ao passar de 0,18% em março para 0,23% em abril, puxado pelos Materiais e Equipamentos (-0,07% para 0,14%), Serviços (0,88% para 0,65%) e Mão de Obra (0,27% para 0,23%).
O IGP-M de abril foi bastante influenciado pela queda das commodities causada pela redução da demanda global, fator positivo para o setor produtivo e que deve aliviar custos, possivelmente resultando em um repasse ao consumidor, algo que deve contribuir para a trajetória descendente do IPCA. Além disso, o IGP-M ainda sofreu alguma influência dos reajustes de preços administrados que deve se dissipar a partir de maio, de modo que podemos esperar ainda menos pressão, visto que as commodities seguem em queda.
Sendo assim, vemos um cenário positivo para a desaceleração da inflação nos próximos meses, em linha com nossas perspectivas de redução do IPCA que devem abrir espaço para o BC cortar juros no segundo semestre do ano