Indústria em crescimento no Brasil, mas com sinais de alerta

O PMI Industrial brasileiro teve leve aceleração em junho e foi a 52,6 pontos, indicando uma expansão sólida do setor de acordo com os padrões históricos. Os principais itens de contribuição para o avanço foram o aumento mais acelerado da produção e dos estoques de insumos, além de uma deterioração mais acelerada nos prazos de entrega dos fornecedores, que é invertida antes de entrar no cálculo.

Os dados subjacentes mostraram que a eliminação de pedidos em atraso sustentou o crescimento da produção em junho, com algumas empresas também observando uma demanda melhor por certos bens. O aumento na produção foi moderado, mas é uma melhora em relação à estagnação de maio que havia sido causada pelas enchentes.

Segundo os participantes da pesquisa, o crescimento foi contido pela fragilidade cambial, questões políticas e condições
econômicas difíceis. Já os novos pedidos aumentaram pelo sexto mês consecutivo, mas em um ritmo marginal e mais fraco desse período, impacto que pode ser associado à desvalorização do real em relação ao dólar e pelo adiamento de pedidos de clientes do setor agrícola.

Esse enfraquecimento da moeda e as perdas de safras causaram pressões crescentes de custos, com aumentos de preços relatados no café, algodão, laticínios, tecidos, petróleo, celulose, arroz, aço, trigo e zinco. A taxa geral de inflação atingiu o nível mais alto em quase dois anos. As pressões sobre custos restringiram um pouco a compra de insumos, que registrou o menor aumento em cinco meses. Ainda assim, os estoques de insumos aumentaram no ritmo mais acelerado em 20 meses em meio aos esforços para se proteger contra a escassez de materiais.

No mais, o emprego continuou aumentando em junho, com o crescimento sendo atribuído em grande parte ao investimento em departamentos de tecnologia, à abertura de novas fábricas e aos esforços para aumentar as capacidades de produção. A taxa de criação de empregos foi acentuada, mas a menor em 3 meses.

Por fim, o otimismo foi impulsionado por investimento em equipamentos adicionais, lançamentos de novos produtos e previsões de melhoria das vendas, levando o nível de sentimento a um patamar bem acima da sua média histórica. Apesar do resultado positivo, vemos alguns indicadores mais negativos, como a fraqueza no ritmo dos novos pedidos, pressões inflacionárias recordes e esforços para montar estoques que não devem se repetir nos próximos meses.

A desvalorização cambial e os impactos relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul são os fatores mais citados como causadores desses efeitos adversos, assim como questões políticas que também atrapalham. Em meio ao cenário bastante incerto e marcado por embates entre o Executivo e o Banco Central, a política pode continuar afetando o câmbio e prejudicando o setor, mas de modo geral mantemos uma visão positiva para a indústria de um ponto de vista econômico, dado o desemprego baixo, salários crescentes, retomada da demanda e juros mais baixos.

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