A prévia taxa de inflação da Zona do Euro de agosto mostrou variação de 0,6% em relação ao mês anterior, maior resultado em 4 meses, e estabilização em 5,3% na comparação anual, patamar mais de 150% acima da meta estabelecida pelo BCE.
O núcleo da inflação registrou alta de 0,3%, se recuperando da deflação de julho, e 5,3% em relação a agosto de 2022, marcando redução de 0,2 p.p. em relação ao resultado anterior.
Na comparação mensal, espera-se que a energia (3,2%) tenha a maior variação, impactada pela alta de mais de 30% do gás natural no período, e seja seguida pelos bens industriais não energéticos (0,6%), pelos serviços (0,2%) e pelos alimentos, álcool e tabaco (0,1%).
Em relação ao mesmo mês de 2022, os alimentos, álcool e tabaco (9,8%) são o componente mais expressivo, seguidos pelos serviços (5,5%) e pelos bens industriais não energéticos (4,8%).
A energia (-3,3%) é o único item a apresentar deflação, beneficiada pela base de comparação.
A persistência da inflação europeia no nível atual resulta do mercado de trabalho bastante sólido.
A Europa enfrenta uma situação bem mais delicada do que os Estados Unidos, já que caminha para uma recessão mas os preços não acompanham a diminuição da atividade, de modo que vemos argumentos tanto para novos cortes nos juros quanto para a manutenção da taxa.
Por um lado, o patamar atual da inflação é insustentável e ainda está muito distante da meta de 2% do BCE.
Por outro, novos aumentos nos juros podem acelerar ainda mais a deterioração da economia e das expectativas, levando o bloco a uma recessão aguda.
Dito isso, vemos a alta dos mercados acionários europeus como euforia injustificada e apostas na pausa do ciclo de aperto monetário pelo BCE e em uma rápida reversão na trajetória dos juros, sendo que esta segunda não deve se concretizar.
Nos últimos 12 meses, o mercado constantemente desafiou os bancos centrais e foi na contramão dos discursos de seus presidentes e, apesar de serem contrariados na grande maioria das vezes, a euforia permaneceu, fato que destaca a necessidade de cautela por parte de quem possui posições no exterior.