Inflação nos EUA volta a subir e complica cenário dos juros

por Benndorf Research

 

O índice de inflação aos consumidores americanos avançou 0,3% em novembro. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o índice acumula alta de 2,7%, marginalmente superior aos 2,6% registrados em outubro. Já o núcleo do índice apresentou variações de 0,3% m/m e 3,3% a/a, destacando a persistência da inflação dos itens menos voláteis em um patamar bastante distante da meta de 2%. Todos os indicadores ficaram em linha com as projeções do mercado.

Mais uma vez o índice da habitação (0,3%) foi o grande fator de impacto no resultado, representando quase 40% de toda a variação mensal. O índice de alimentos subiu 0,4%, puxado pelas altas de 0,5% na alimentação no domicílio e 0,3% na alimentação fora do domicílio, e o índice de energia avançou 0,2%.

Na alimentação no domicílio, quatro dos seis grandes grupos alimentícios tiveram alta, com destaque para carnes, aves, peixe e ovos (1,7%), que foi influenciado principalmente pela alta da carne bovina (3,1%) e dos ovos (8,2%). Em seguida vieram o índice de bebidas não alcoólicas (1,5%) e frutas e vegetais (0,2%). O índice de cereais e produtos de panificação recuaram 1,1%, maior queda mensal da história da série, que foi iniciada em 1989.

Já a energia foi alavancada pela alta da gasolina (0,6%) e do gás natural (1%), que foram parcialmente compensados pela queda de 0,4% nos preços da eletricidade.

Excluindo os dois segmentos mais voláteis já destacados acima, a habitação subiu impactada pelo aluguel equivalente dos proprietários (0,2%) e do aluguel (0,2%). O alojamento fora de casa cresceu 3,2%. Outras atividades que avançaram no período e contribuíram foram: carros e caminhões usados, móveis domésticos, cuidados médicos, veículos novos e recreação. A comunicação, por sua vez, recuou.

O índice de inflação aos consumidores americanos mantém o comportamento observado ao longo de grande parte do ano, com a habitação se destacando como principal atividade geradora de pressões inflacionárias. Entretanto, o índice confirmou o segundo mês consecutivo de alta no acumulado em 12 meses e o núcleo segue estagnado em um nível bem acima da meta, sinalizando uma potencial retomada da inflação. Diante da expectativa de deterioração do cenário e possíveis atritos de Trump com o FED no próximo ano, a tendência é que o banco central americano enrijeça sua postura em 2025, dificultando o crescimento do país e possivelmente afetando os segmentos mais cíclicos das bolsas.

 

 

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