Menos de um mês depois que o furacão Ian causou uma devastação generalizada no sudoeste da Flórida, investidores e outros compradores estão procurando por negócios imobiliários na região, onde os preços das casas dispararam nos últimos anos.
A demanda continua forte, tanto de moradores locais quanto de fora do estado, por casas em Naples, na Flórida, e em outras áreas próximas ao caminho traçado pela tempestade, de acordo com agentes imobiliários residenciais. Eles dizem que receberam inúmeras perguntas de pessoas ainda interessadas em se mudar para o estado do sol, ou na esperança de adquirir propriedades destruídas.
“É praticamente um negócio costuimeiro”, disse Kelly Baldwin, agente do Coldwell Banker em Longboat Key, na Flórida.
Os custos associados à fortificação de uma casa contra o vento e as inundações, juntamente com os prêmios crescentes para o proprietário e o seguro contra inundações, são suficientes para fazer com que alguns residentes de longa data da Flórida deixem seus imóveis.
Mas alguns grandes investidores estão manifestando interesse. Friley Saucier, consultora imobiliário global da Premier Sotheby’s International Realty em Naples, está trabalhando com um investidor abastado que planeja gastar até US$ 50 milhões em imóveis atingidos pelo Ian.
“Ele me ligou depois da tempestade”, disse ela. “Passei uma semana ligando para agentes e outros tentando encontrar propriedades que estão fora do mercado porque essas casas ainda estão sendo drenadas e reconstruídas, então ainda não estão listadas.”
Rick Lema, cuja residência principal fica em Narragansett, uma vila em Rhode Island, possui uma casa em um parque de trailers em Englewood, Flórida, a meio caminho entre Sarasota e Fort Myers, que foi danificada pela tempestade. Comprador à vista, ele começou a dirigir pelos bairros locais no dia seguinte à tempestade, antes de consertar sua própria casa, para procurar residências à beira-mar e propriedades comerciais em dificuldade.
Lema estava procurando investimentos anteriormente, mas achava que “os preços eram ridículos”. Agora, ele acredita que os proprietários de imóveis danificadas aproveitarão a oportunidade para vender suas casas. “Se eles estavam pedindo US$ 1 milhão antes da tempestade, eu ofereço US$ 750 mil”, afirmou ele.
Certamente, alguns potenciais compradores estão pensando duas vezes após os danos causados pela tempestade, que devem ficar entre US$ 40 bilhões e US$ 64 bilhões em perdas por inundações e ventos, tanto em propriedades residenciais quanto comerciais, de acordo com uma estimativa da empresa de dados CoreLogic.
Além disso, 62% dos residentes dos Estados Unidos que planejam comprar ou vender uma casa no próximo ano hesitam em se mudar para uma área com risco climático, segundo relatório recente da corretora Redfin.
Alguns que antes tinham planos de morar na área estão agora reconsiderando. Kurt Kuemmerle, carpinteiro de 60 anos que vive em Marmora, Nova Jersey, é dono de um terreno em Port Charlotte. Ele disse que sempre pensou que construiria uma casa no local para passar a aposentadoria, mas agora planeja vender o terreno.
No entanto, muitos outros são inflexíveis. Connie Langenbahn, motorista de ônibus escolar aposentada, e seu marido, Gregg Langenbahn, deixarão sua casa em Cincinnati em novembro para viver permanente no sudoeste da Flórida.
O casal explica que vai morar com a filha em Sarasota, na Flórida, enquanto compra uma casa, um processo que começou há dois anos. “O furacão assustou meu marido, mas sempre foi meu sonho viver na Flórida, e não vou desistir”, disse Connie.
Os dois esperam gastar não mais do que US$ 450 mil para uma casa de três quartos e dois banheiros. “Espero que os preços não subam mais agora porque as pessoas precisam de casas”, afirmou ela.
Alguns analistas imobiliários acreditam na alta dos preços, pelo menos no curto prazo. “Provavelmente veremos um aumento nos preços quase que imediatamente, impulsionado principalmente pela forte demanda contínua e pela escassez de estoques induzida pela tempestade”, comenta Ken H. Johnson, economista de habitação da Faculdade de Negócios da Florida Atlantic University.
“Embora os preços possam ser erráticos nos primeiros meses, a demanda por viver ao longo de um litoral com clima quente e uma economia favorável aos negócios parece ter levado a rápidas recuperações econômicas após recentes furacões”, disse o Dr. Johnson.
Poucas áreas nos EUA já viram os preços subirem tanto. De acordo com o Conselho de Corretores da Área de Nápoles, o preço médio de venda de uma casa unifamiliar aumentou 24,9% entre agosto de 2021 e agosto de 2022, o último mês para o qual as estatísticas estão disponíveis, indo para US$ 725 mil. Os preços dos condomínios aumentaram 34% no mesmo período.
Um estudo divulgado em 11 de outubro pelo Dr. Johnson e Eli Beracha, PhDs da Florida International University, descobriu que a área metropolitana de Cape Coral-Fort Myers era o mercado imobiliário mais supervalorizado do país em agosto – antes do furacão Ian – com compradores pagando uma média de 70% sobre a tendência de preços de longo prazo da área.
“Devido à devastação, não haverá muitas casas para vender por um tempo”, disse Kristen Conti, corretora proprietária da Peacock Premier Properties em Englewood. “Usuários finais e investidores farão com que os preços das casas aumentem por 12 a 18 meses”, complementou.
(Com Dow Jones Newswire)