IPCA-15 segue puxado por alimentos e reajustes

O IPCA-15 registrou variação de 0,39% em junho, desacelerando levemente do resultado de 0,44% de maio. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 acumulou 4,06%, acima dos 3,70% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta no mês de junho. O grupo Alimentação e Bebidas registrou a maior variação (0,98%) e o maior impacto (0,21 p.p.), seguido por Habitação (0,63% e 0,1 p.p.) e Saúde e cuidados pessoais (0,57% e 0,08 p.p.). Os dois grupos que recuaram no período foram Transportes (-0,23%) e Vestuário (-0,3%).

Entre os alimentos, a alimentação no domicílio acelerou de 0,22% em maio para 1,13% em junho, com destaque para as altas da batata inglesa (24,18%), do leite longa vida (8,84%), do arroz (4,20%) e do tomate (6,32%), ainda refletindo em grande parte os impactos climáticos. No lado das quedas, destacam-se o feijão carioca (-4,69%), a cebola (-2,52%) e as frutas (-2,28%). A alimentação fora do domicílio também acelerou (0,59% x 0,37%).

Já a habitação subiu influenciada pela alta da taxa de água e esgoto (2,29%), que foi causada por reajustes em São Paulo, a partir de 10 de maio, Curitiba, a partir de 17 de maio, e Brasília, a partir de 1º de junho. A energia elétrica residencial (0,79%) também passou por reajustes* em algumas capitais e teve variação positiva no mês.

Por fim, o grupo de Saúde e cuidados pessoais continuou avançando puxado pela alta dos planos de saúde (0,37%), decorrente do reajuste autorizado pela ANS em 4 de junho.

Do lado negativo, os Transportes caíram impactados pelos preços da passagem aérea (-9,87% e -0,07 p.p.) e dos combustíveis (-0,22%). Todos os combustíveis registraram preços menores* em junho, com destaque para o etanol (-0,8%), gás veicular (-0,46%), óleo diesel (-0,42%) e gasolina (-0,13%).

O IPCA-15 mantém o padrão observado nos últimos vários meses e segue sendo muito influenciado pelos preços dos alimentos, prejudicados, em um primeiro momento, pelos efeitos climáticos do El Niño, e, agora, pelas enchentes no Rio Grande do Sul, e por reajustes de alguns grupos.

Pelo lado positivo, podemos destacar o comportamento baixista dos preços dos combustíveis, item de maior peso na pesquisa, e que ajuda a conter parcialmente o ímpeto dos outros grupos.

Sendo assim, apesar da preocupação com os preços dos alimentos, esperamos que esses apresentem desaceleração na segunda metade do ano com o fim do El Niño e possíveis intervenções governamentais. No mais, observamos uma inflação ainda bastante dentro do intervalo da meta e seguimos com perspectiva de IPCA dentro desse intervalo em 2024.

[Fonte: Benndorf Research]
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