O IPCA-15 de maio apresentou variação de 0,51% entre meses e 4,07% entre anos, desacelerando levemente das variações de abril (0,57% e 4,16%) e mantendo a trajetória de queda iniciada no começo desse ano. Os resultados também foram melhores do que as expectativas do mercado de 0,64% e 4,21%, respectivamente.
Sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta no mês. Saúde e cuidados pessoais (1,49%) e Alimentação e bebidas (0,94%) foram os grupos com maior impacto no resultado, contribuindo com 0,2 p.p. cada. Na sequência veio o grupo Habitação (0,43% e 0,07 p.p.). Apenas os Artigos de residência (-0,28%) e Transportes (-0,04%) tiveram queda.
O grupo Saúde e cuidados pessoais foi puxado mais uma vez pelo aumento nos preços dos produtos farmacêuticos (2,68%), causado pela autorização do reajuste de até 5,6% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março. Os itens de higiene pessoal aceleraram no período (0,35% para 1,38%), influenciados, principalmente, pelos perfumes (2,21%).
A aceleração dos Alimentos e bebidas deve-se à alta de 1,02% da alimentação no domicílio. As principais altas vieram do tomate (18,82%), da batata-inglesa (6,6%) e do leite longa vida (6,03%). Os destaques entre as quedas foram o óleo de soja (-4,13%), seguindo a trajetória da commodity no mercado internacional, e as frutas (-1,52%). No mais, a alimentação fora do domicílio passou de 0,55% em abril para 0,73% em maio.
No grupo Habitação, a alta decorreu dos reajustes da energia elétrica residencial (0,51% e 0,02 p.p.) em Salvador, Fortaleza e Recife. Além disso, reajustes na taxa de água e esgoto (1,24%) aplicados em Goiânia, Recife e São Paulo, e na taxa do gás encanado em Curitiba e no Rio de Janeiro também impactaram o índice.
Nos Transportes, a variação de -17,26% das passagens aéreas puxaram o resultado do grupo, mais do que compensando a alta de 11,96% de abril. Já os combustíveis (0,12%) ficaram praticamente estagnados, resultado da queda do óleo diesel (-2,76%), gás veicular (-0,44%) e gasolina (-0,21%), enquanto o etanol (3,62%) avançou.
A nova desaceleração do IPCA-15 é boa para a bolsa e para a economia, visto que bate as projeções do mercado apesar de ainda ser um resultado muito influenciado por reajustes em diversos setores. Além disso, o resultado contribui para reduzir as expectativas de inflação do Boletim Focus, beneficiando cada vez mais o cenário de corte de juros no segundo semestre.
Portanto, a desaceleração do IPCA-15 fortalece a redução de juros e diminuição da pressão sobre a economia brasileira e deve abrir espaço para ações mais sensíveis aos juros e cíclicas.