IPCA do Brasil avança além do teto da meta pela primeira vez

por Benndorf Research 

 

O IPCA de outubro foi de 0,56% e ficou 0,12 ponto percentual acima da taxa de setembro. No ano, o IPCA acumula alta de 3,88% e, nos últimos 12 meses, de 4,76%, acima dos 4,42% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e também acima do teto da meta de inflação.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta, com destaque para Habitação (1,49%) e Alimentação e bebidas (1,06%), com contribuição de 0,23 p.p. cada. O único recuo ficou com o grupo Transportes (-0,38% e -0,08 p.p.).

Como já era esperado, o grupo Habitação foi puxado pela alta variação da energia elétrica residencial (4,74%) em função da vigência da bandeira vermelha 2 a partir de 1º de outubro. Além disso, também houve reajustes tarifários em Goiânia, Brasília e São Paulo.

Já em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio passou de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro. Os alimentos que impulsionaram o resultado foram as carnes (5,81%), que sofreram com menor oferta em função da seca, da redução de abates e aumento da exportação, o tomate (9,82%) e o café moído (4,01%). Entre as quedas destacam-se a manga (-17,97%), o mamão (-17,83%) e a cebola (-16,04%). A alimentação fora do domicílio (0,65%) teve variação mais intensa do que a registrada no mês anterior (0,34%).

No grupo Transportes, o resultado foi muito influenciado pelas passagens aéreas (-11,50% e – 0,07 p.p.) mais uma vez. Trem (-4,80%), metrô (-4,63%), ônibus urbano (-3,51%) e integração transporte público (-3,04%) contribuíram também para o resultado negativo do grupo. Em relação aos combustíveis (-0,17%), houve queda no etanol (-0,56%), no óleo diesel (-0,20%) e na gasolina (-0,13%), enquanto o gás veicular (0,48%) registrou alta.

Novamente, como já havíamos informado no resultado do IPCA-15 e já era amplamente esperado, o resultado de outubro sofre com grande influência da bandeira vermelha 2. Como em novembro houve redução da bandeira tarifária para a amarela, esperamos um comportamento oposto e caso as chuvas se mantenham há projeção de bandeira verde para dezembro, que colaboraria para um possível retorno do IPCA ao intervalo da meta. Ao mesmo tempo, os alimentos tendem a continuar atuando na ponta positiva do índice. Finalmente, com as incertezas elevadas, as curvas de juros futuros continuarão pressionadas, o dólar tende a se manter elevado e o Copom permanecerá hawkish, dificultando o ambiente de investimentos nacional.

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