por Benndorf Research
O IPCA de fevereiro foi de 1,31%, acelerando bastante em comparação com o mês de janeiro (0,16%). Esse foi o maior IPCA para um mês de fevereiro desde 2003. No ano, o IPCA acumula alta de 1,47% e, nos últimos doze meses, o índice ficou em 5,06%, acima dos 4,56% dos 12 meses imediatamente anteriores e das expectativas de 5% do mercado.
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, a maior variação foi registrada pelo grupo Educação (4,70% e 0,28 p.p.), seguido de Habitação (4,44%), responsável pelo maior impacto (0,65 p.p.) no índice do mês.
Destacam-se, também, as altas nos grupos Alimentação e bebidas (0,70%) e Transportes (0,61%). Juntos, os quatro grupos respondem por 92% do índice IPCA de fevereiro.
No grupo Educação (4,70%), a maior contribuição veio dos cursos regulares (5,69%), por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo.
Já no grupo Habitação, a energia elétrica residencial (16,8% e 0,56 p.p.) foi o subitem com o maior impacto positivo no índice, se recuperando após a queda registrada em janeiro em função da incorporação do Bônus Itaipu.
No grupo Alimentação e bebidas (0,70%), a alimentação no domicílio subiu 0,79% em fevereiro, mostrando desaceleração em relação a janeiro (1,07%). Contribuíram para esse resultado as altas do ovo de galinha (15,39%) e do café moído (10,77%). Do lado das quedas destacaram-se a batata-inglesa (-4,1%), o arroz (-1,61%) e o leite longa vida (-1,04%). A alimentação fora do domicílio (0,47%) também desacelerou em relação ao mês anterior (0,67%).
Por fim, no grupo Transportes (0,61%), o resultado foi influenciado pelo avanço dos combustíveis (2,89%): óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%). Apenas o gás veicular (-0,52%) apresentou redução.
Diferentemente do IPCA-15, o avanço do IPCA foi levemente maior do que as expectativas do mercado em um efeito sazonal que já era esperado em função do início do ano letivo e pelo efeito de base causado pela incorporação do Bônus Itaipu nas contas de energia elétrica de janeiro. Ainda assim, é importante ressaltar que o maior resultado do IPCA para um mês de fevereiro em 22 anos reflete bem o cenário de incertezas fiscais elevadas e crescentes, real desvalorizado e poucos sinais de mudança por parte do Executivo, fatores que continuam contribuindo para termos um Copom hawkish ao longo do ano. Dito isso, vemos a seletividade como primordial nesse momento e reforçamos mais uma vez nossa preferência por empresas com fluxo de caixa previsível e setores anticíclicos.