Em agosto de 2023, o Índice de Preços ao Produtor brasileiro avançou 0,92% frente a julho, retomando as variações positivas após 6 meses de deflação. O acumulado no ano foi de -6,32%, menor variação para um mês de agosto desde o início da série histórica, em 2014. O acumulado em 12 meses ficou em -10,51%.
Na comparação mensal, 12 das 24 atividades pesquisadas tiveram alta, sendo que as quatro mais impactantes foram: refino de petróleo e biocombustíveis (0,72 p.p.); indústrias extrativas (0,3 p.p.); vestuário (0,1 p.p.); e metalurgia (-0,17 p.p.).
O impacto do refino de petróleo e biocombustíveis pode ser explicado pelo reajuste de preços promovido pela Petrobras no óleo diesel e na gasolina, dois produtos de maior peso no refino, enquanto as indústrias extrativas avançaram muito influenciadas pela alta do barril do petróleo. Já o impacto do vestuário pode ser atribuído ao lançamento das coleções de primavera-verão.
Outro ponto que contribuiu para a alta desses itens foi a depreciação do real frente ao dólar. Por outro lado, o recuo da metalurgia está ligado a queda significante dos preços do minério de ferro nos últimos meses, refletindo a baixa demanda mundial, principalmente na China.
Os quatro setores de maior influência representaram 0,95 p.p. da variação de 0,92% do mês, mostrando que as demais 20 atividades tiveram um efeito líquido levemente negativo.
Por fim, vemos o resultado do IPP em linha com os demais indicadores de inflação e espelhando o forte impacto que o petróleo e seus derivados têm nesses índices. Diante da trajetória de alta atual do petróleo, esses produtos devem continuar assumindo posição de destaque nos índices de inflação.
Entretanto, reiteramos que a pressão inflacionária sobre a indústria segue próxima das mínimas históricas e o setor dificilmente será prejudicado por novas altas, que são esperadas para os próximos meses, algo que é positivo e mantém as perspectivas de recuperação do setor industrial e manutenção da trajetória dos juros.