O IPP da Alemanha apresentou deflação de 0,4% em dezembro, ante novembro, terceiro mês seguido de recuo, mas pior do que as estimativas de -1,2%. Na comparação anual, entretanto, o indicador registrou alta de 21,6%, mínima de 13 meses.
A energia continuou sendo a principal responsável pelo avanço na comparação anual ao registrar variação de 41,9% frente a dezembro de 2021, refletindo as altas expressivas principalmente do gás natural (52%) e da eletricidade (46,8%).
Entre meses, a energia recuou 1%, influenciada pela queda o preço do gás (-2,2%) e dos produtos de óleo mineral (-7,1%). Desconsiderando a energia, o IPP ficou estagnado frente a novembro e apresentou alta de 12% frente a dezembro de 2021.
Na comparação com o mesmo período de 2021, os preços dos bens não duráveis avançaram 18,1%, puxados em grande parte pelos alimentos (23,5%), em especial o açúcar (72,1%), a carne suína (46,5%) e margarina e gorduras comestíveis semelhantes (40,8%). Quando comparados ao mês de novembro, os preços dos não duráveis subiram 0,5%.
No mais, os preços dos bens intermediários aumentaram 12,3% ante dezembro/21 e caíram 0,4% ante novembro/22. Entre anos, os metais (10,8%) tiveram a maior contribuição, alavancados pelo aço e ferroligas (11,8%). Outras influências vieram de lascas de madeira (143,2%), pellets de madeira (87,3%) e papel de jornal (61,3%).
Já os preços dos bens duráveis avançaram 11,9% comparados a dezembro/21, puxados principalmente pelos móveis (14,7%), e os bens de capital subiram 7,7%, impactados pelos preços das máquinas (9,8%).
Os produtores alemães sofreram bastante com os preços da energia ao longo de 2022, principalmente após o início da guerra na Ucrânia.
O conflito também gerou pressões inflacionárias ao longo de toda a cadeia produtiva e agravou algumas interrupções e gargalos causados inicialmente pela pandemia, contribuindo para a alta de preços generalizada.
Apesar da queda recente do gás natural, reforçamos que uma onda de frio pode mudar completamente a dinâmica do mercado energético europeu, retomando pressões inflacionárias sobre a energia.
No mais, o cenário é de expectativa de inflação alta persistente e recessão no bloco em 2023, bem como manutenção dos juros em patamares elevados. Portanto, os produtores e consumidores devem sentir um alívio em comparação com o ano passado, mas o nível de atividade também deve ser menor.