O Índice de Preços ao Produtor americano registrou avanço de 0,2% em abril, retomando os resultados positivos após dois meses seguidos de deflação, mas em variação marginalmente menor do que a esperada (0,3%). Em comparação com abril do ano passado, o indicador registrou alta de 2,3%, mínima desde janeiro de 2021.
O núcleo do IPP também teve alta de 0,2% entre meses e registrou variação de 3,2% entre anos, menor nível desde março de 2021, mas denotando a persistência dos preços altos na indústria. Cerca de 80% da alta do índice de demanda final pode ser atribuído a variação de 0,3% no índice de serviços de demanda final.
O índice de bens de demanda final avançou 0,2%. A alta dos serviços foi a maior desde novembro do ano passado, puxado pelo índice de serviços de demanda final exceto comércio, transporte e armazenagem (0,4%). As margens dos serviços tiveram alta de 0,5%. Um terço do avanço de abril no índice de serviços pode ser traçado ao aumento de 4,1% nos preços de administração de portfólio.
Outros índices que expandiram foram alimentos e álcool, atacado, atendimento ambulatorial, empréstimos, cuidados hospitalares e aluguel de quartos. O fato dos serviços puxarem o IPP retrata a maior demanda do segmento em detrimento dos bens, visto que dependem menos da disponibilidade de crédito e dos juros altos. Já os preços dos bens foram alavancados pelo índice de energia (0,8%).
O índice de bens exceto alimentos e energia avançou 0,2%. Em contraste, os alimentos recuaram 0,5%. A alta de 8,4% da gasolina foi o principal fator para puxar os bens em abril. No mais, os preços dos vegetais frescos e secos, sucata de aço carbono, resinas de plástico e materiais, aeronave e equipamento de aeronave e equipamento de energia fluida também cresceram.
Apesar de retomar o território positivo, a alta aquém do esperado no indicador do IPP é positiva. Além disso, o recuo do indicador geral e do núcleo para as mínimas plurianuais também reforçam a tendência de preços menores na indústria.
Contudo, o núcleo bem acima do indicador geral mostra que boa parte da redução ainda pode ser atribuída aos itens mais voláteis, refletindo que há um espalhamento dos preços mais altos por toda a economia.
Outro ponto negativo é que a desaceleração dos preços aos produtores espelha o mau momento da indústria americana, cenário que é observado também na Europa e pode ser atribuído principalmente às altas taxas de juros e inflação.
Esperamos que esse cenário se mantenha durante todo o ano já que as expectativas são de manutenção dos juros restritivos e inflação acima da meta.