As ações da JBS [JBSS3] fecharam em alta de quase 4% nesta segunda-feira (19), a R$ 18,58, após a companhia anunciar, no fim de semana, um investimento de R$ 800 milhões para triplicar a planta de Diamantina.
As operações no local, no estado do Mato Grosso, são parte da Friboi. A planta pegou fogo na segunda-feira passada (12) e está paralisada desde então. O investimento recém-anunciado visa triplicar a planta de Diamantina, cuja revitalização deve terminar até o fim do ano.
Hora de comprar JBSS3?
Apesar da expectativa da administração de tornar a operação mato-grossense a maior da Friboi no Brasil, o anúncio da JBS não mexeu uma palha sequer na visão da Levante Corp. sobre o frigorífico.
“Não acredito em uma mudança nos fundamentos por conta disso”, afirmou Matheus de Moraes, analista de Agro da casa. Diamantina vai ser a planta com maior capacidade de processamento de bovinos no país, mas o impacto é pouco em vista das 55 plantas espalhadas pelo mundo, justifica.
Em termos de investimento nas operações, excluindo aquisições, a JBS é de longe a companhia com maior volume de investimentos em relação aos frigoríficos, prosseguiu o especialista. “Mas acho que isso tem muito a ver com o tamanho da companhia em si, que é quase o dobro da soma dos outros frigoríficos listados.”
Em concordância, os analistas da Eleven Research destacam a posição da JBS como maior processadora de proteína animal do mundo, com negócios relevantes tanto no Brasil quanto nos EUA. Na maior economia do mundo, o frigorífico detém marcas como a Pilgrim’s.
No entanto, com o ciclo do boi em momento desfavorável no hemisfério Norte, “a empresa vem sofrendo com a queda de sua margem bruta nos últimos trimestres, e isso tem impactado diretamente as ações da companhia”.
JBSS3 atualmente negocia próxima das mínimas de 52 semanas, “o que estranhamente costuma ser um bom ponto de compra para as empresas líderes em seu segmento”, especialmente quando se trata das companhias ligadas diretamente à produção de alguma commodity.
A companhia vem de dois trimestres com Ebit – lucro antes de juros e impostos – negativos, acrescentaram os analistas Eduardo Rahal e João Abdouni. O múltiplo sinaliza o ciclo de baixa da proteína corrente na parte Norte do globo.
A dificuldade, continuaram em relatório, pode ser o ponto mais desafiador do ciclo do boi no principal mercado de atuação da JBS, os EUA.
Temporada do churrasco
A chamada “Barbecue Season” americana, entre maio e julho – período de férias das verão nos EUA – pode sinalizar recuperação para JBSS3.
“Com isso, a gigante das proteínas pode começar a observar alguma melhora de margens já na divulgação do próximo resultado trimestral”, projeta a Eleven.
O maior fator de risco para a companhia, na visão da casa, ainda é o endividamento. A empresa atualmente tem R$ 83 bilhões em dívida líquida, uma relação dívida líquida sobre Ebitda de 3,14x, “o que é um grau de alavancagem elevado considerando um momento de ciclo de juros alto em todo o mundo”.
A Levante tem recomendação de compra para JBSS3, com preço-alvo de R$ 30. No entanto, os analistas têm a Minerva [BEEF3] como melhor escolha no setor, posto que a companhia, ao contrário da JBS, tem operações focadas na América do Sul, com exportações majoritariamente para Ásia.
“O ciclo do boi na América do Sul está em um ponto mais favorável do que o da América do Norte, fazendo com que a margem bruta de Minerva permaneça bastante acima de sua concorrente.” Além do mais, o time considera que BEEF3 não está devidamente precificada.
Já a recomendação da Eleven para JBSS3 é neutra. O time de analistas da casa entende que a companhia vai ter desafios importantes durante o ciclo de baixa do gado americano.