As ações da Light [LIGT3] operaram em baixa de 14,19%, a cerca de R$ 2,66, na sessão desta terça-feira (07). Investidores reagem à publicação do colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, sobre a necessidade de um financiamento de R$ 3,3 bilhões para a companhia, que deve entrar com pedido de recuperação judicial em breve.
Desde 25 de janeiro as ações operam no negativo, em meio a especulações sobre a situação financeira da da empresa. A contratação da consultoria LaPlace Finanças para reavaliar as contas da companhia aguçou ainda mais essa preocupação.
Só no mês passado, as ações da Light despencaram 17,71%. Em fevereiro, a desvalorização acumulada já supera os 26%.
Como o investidor deve proceder?
Para quem não tem ações da Light na carteira, o head de research da Eleven Financial, Carlos Daltozo, aconselha não investir na companhia.
“Entendemos que não é o momento de pegar a faca caindo, de entrar em quem tem dívida agora porque acha que está atraente, que o cenário está muito complexo. […] nossa recomendação é ficar de fora por enquanto”, analisou Carlos.
Em relação a quem já possui LIGT3, é preciso calma e não cair no desespero de vender agora, com a atual situação da empresa, Carlos explica. O especialista completa dizendo que “para quem tem, não é o momento de desespero, agora é segurar e esperar para ver o que vai acontecer. O cenário de recuperação judicial é sim possível, mas a gente entende que ainda é pouco provável”.
Referente ao curto prazo, as possibilidades de operações de day ou swing trade também são escassas, pontua Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research. “Para gestão de risco agora, pensando muito nisso, não vejo ponto de entrada porque não está interessante”, analisa.
“Se eu estivesse vendido, meu stop gain estaria acima da máxima do dia de hoje, em R$ 2,94.” LIGT3 apresentou forte baixa desde a região de R$ 4,30, chegou a desvalorizar em quatro, cinco pregões em torno de 40%, e agora, prossegue Filipe, ameaça fazer um repique, “ou pelo menos entrar em região de consolidação”.
Os porquês da “questão Light”
Carlos Daltozo afirma que a Light “tem um problema crônico” em sua operação, referindo-se aos níveis de perdas. Ele explica que, no contrato de concessão, os reajustes estipulados para inadimplências e para as próprias perdas não são suficientes para recompor as contas da empresa.
Outra questão trazida por Carlos foi a devolução de PIS e Cofins por parte da Light no ano passado. “A Light tentou segurar isso na justiça até que, em dezembro de 2022, foi decretada a redução de 5,89% na tarifa da Light, exatamente nessa devolução de 1,85 bilhão em créditos de PIS e Cofins que a agência reguladora apurou”, explicou ele. Isso trouxe impacto imediato na dívida líquida Ebitda da empresa, uma contribuição para aumentar seu endividamento no segundo trimestre do ano passado.
Apesar de ter conseguido elevar o EBITDA no terceiro trimestre, Carlos explica que a Light “tem patamares de dívidas ali, covenants, de 3,75, e ela não pode ultrapassar esse nível de endividamento senão essas dívidas podem ser antecipadas, terem os seus vencimentos antecipados”.
O futuro
Carlos Daltozo ressalta que a contratação da LaPlace Finanças para reestruturar a empresa financeiramente ligou um “sinal de alerta” no mercado. “A companhia pode, no curto prazo, quebrar esses covenants contratuais e ter que renegociar as suas dívidas.”
Caso a Light não consiga renovar as concessões, que vencem em 2026, dificilmente a empresa conseguirá fazer frente às dívidas contraídas e as debêntures a vencer este ano ou no próximo . “E no caso da dívida, o risco é binário”, explicou Carlos, “muita gente marcando os bondes lá embaixo, as debêntures também com prêmio muito grande dado ao risco elevado e o que a gente tem de expectativa é que ela encontre uma solução”.