A Via [VIIA3] cai cerca de 3% na sessão de hoje (31), após anunciar, por meio de fato relevante, que entrou em contato com diversos bancos para coordenar uma potencial oferta pública de distribuição primária de ações ordinárias no valor de R$ 1 bilhão.
A empresa também comunicou que este valor pode ser acrescido de lotes adicionais. Segundo o fato relevante, a oferta teria como objetivo captar recursos a fim de melhorar a estrutura de capital da companhia.
Esta oferta penaliza ainda mais o desempenho do ativo da companhia, que já recua 46,25% no ano, sendo 40% somente em agosto.
Vale lembrar que em reportagem feita pelo TradeNews em julho, analista de uma grande gestora brasileira de investimentos denunciou que a empresa poderia estar maquiando os seus resultados trimestrais.
Apesar disso, o analista explica que os problemas financeiros enfrentados pela Via não são resultado da maquiagem e sim da má administração do negócio. Segundo ele, as discrepâncias no resultado do primeiro trimestre só atrasaram “o entendimento da situação pelos credores da companhia”.
Além disso, ele indica que esta turbulência foi causada pelo aumento exacerbado do prazo de venda da empresa – e, por consequência, de sua carteira de recebíveis – e concessão de crédito, ao passo que suas vendas recuaram significativamente por conta da “ressaca” após a avalanche de vendas de eletrodomésticos na pandemia.
A controladora das Casas Bahia e da Ponto – anteriormente conhecida como Ponto Frio – apresentou prejuízo líquido de R$ 492,0 milhões no segundo trimestre de 2023, ante lucro de R$ 6 milhões no mesmo período de 2022. A empresa havia registrado resultado negativo de R$ 297 milhões no 1T23.
A oferta
Segundo o Citi, o follow-on causará grande diluição na participação dos acionistas atuais, mas já era algo esperado pelo mercado. Vale lembrar que a empresa havia solicitado autorização para aumento de capital há cerca de duas semanas.
O banco explica que, apesar da dívida de R$ 3,6 bilhões da Via não ser considerada problemática, as despesas financeiras – as quais alcançaram R$ 2,8 bilhões nos últimos 12 meses – criam necessidade para esta injeção de capital.
Entretanto, o analista anteriormente consultado pelo TradeNews acredita que a oferta sozinha não será o suficiente para melhorar a situação da companhia.
“De jeito nenhum, é gota d’água em chapa quente”, afirmou.
Recomendação para VIIA3
O analista técnico da Benndorf Research FIlipe Borges explica que o ativo segue em movimentação de baixa e o mercado já especula um possível pedido de recuperação judicial por parte da empresa.
Graficamente, ele indica que há mais espaços para quedas no papel, com alvos entre R$ 0,93 e o alvo principal na faixa de R$ 0,66.
“Só reforçando que não há nenhuma indicação de compra no ativo. Se eu estivesse comprado, stoparia [a operação] ou, no mínimo, reduziria grande parte da posição comprada”, afirmou.