por Luís Gustavo Novais
Mesmo com o índice de Small Caps [SMLL11] apresentando desempenho ruim neste ano, um fato chama a atenção: a maior valorização da Bolsa no ano é uma Small Cap. Acumulando mais de 500% de valorização em 2024, a Ambipar [AMBP3] está no topo da B3.
Sem explicação concreta, as ações da gestora de resíduos ambientais surpreendeu com o salto em suas ações. Analistas relataram que, ao olharem os negócios da companhia, nada chamou atenção, e não encontraram nenhuma atividade que justificasse o desempenho tão expressivo dos papeis.
“Mas o fato é que, se nós olhamos para os negócios, não enxergamos nenhuma inversão, nenhuma inflexão, nenhum grande deal, nenhum grande crescimento de receita ou novo produto, novos serviços que explicassem uma alta tão forte quanto o que a gente viu ao longo deste ano”, comentou Reydson Mattos, analista CNPI.
A explicação, portanto, fica por conta da especulação de que um grande investidor, conhecido por entrar em empresas em dificuldades e realizar sua reestruturação, estaria ligado à compra expressiva de ações da Ambipar. “O aumento repentino no volume negociado ocorreu devido à aquisição de ações de investidores ligados ao empresário Nelson Tanure”, esclareceu Guilherme La Vega, analista da Arkad Invest.
Além da Ambipar, outra empresa presente no índice de Small Caps se destacou na B3, a ClearSale [CLSA3], está entre as maiores valorizações da Bolsa em 2024.
Diferentemente da AMBP3, a empresa de soluções antifraude vem demonstrando melhorias em seus balanços, com foco constante no aumento da geração de caixa, segundo La Vega.
Mas o verdadeiro impulso ocorreu a partir da notícia de que a Serasa Experian teria interesse em comprar a companhia, no começo do ano, o que se concretizou recentemente, com o anúncio realizado pela empresa.
O próximo destaque
Entre as apostas, a LWSA [LWSA3], antiga Locaweb, se destaca como uma das principais. A expectativa, segundo Reydson, é que a empresa continue a apresentar resultados positivos, impulsionada pelo crescimento em sinergias, redução de custos e alavancagem operacional, características que a tornam uma forte candidata a gerar bons retornos para os investidores.
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SMLL11 cai mais 13% em 2024
O índice de Small Caps [SMLL11] tem enfrentado um desempenho negativo, refletindo uma série de fatores macroeconômicos que afetam o mercado brasileiro. A atual conjuntura econômica no Brasil é marcada por incertezas, intensificadas por um cenário externo volátil, que inclui conflitos geopolíticos e instabilidade econômica nos Estados Unidos.
Essa combinação de elementos tem gerado uma percepção negativa sobre o potencial de crescimento das empresas, especialmente aquelas que dependem do mercado interno, que representam uma parte significativa do índice.
Apesar de várias small caps terem apresentado balanços positivos recentemente, o clima de desconfiança persiste. A taxa de empresas com caixa líquido está acima da média dos últimos anos, indicando que muitas dessas companhias se prepararam adequadamente para um possível ciclo de mudanças.
Para Reydson Mattos, no entanto, o ambiente de juros altos, com taxas superando 12%, e as incertezas relacionadas ao orçamento e ao discurso do governo têm pressionado esses ativos. Esse cenário cria um desvio entre os preços das ações e seus fundamentos, prejudicando a liquidez e elevando a volatilidade, especialmente para empresas menores, que tendem a ser mais sensíveis a essas oscilações.
Perspectiva para o índice
Guilherme La Vega, analista da Arkad Invest, demonstra otimismo em relação ao futuro do SMLL. “A grande maioria das ações está extremamente barata, e espero uma recuperação até o final do ano”, afirma La Vega.
Segundo ele, a melhora das condições macroeconômicas e os resultados do terceiro trimestre devem corroborar essa expectativa. Embora não acredite em uma alta generalizada do índice, o analista destaca a existência de diversas oportunidades individuais com potencial de surpreender positivamente nos próximos meses.