“Notícias positivas”: Gol [GOLL4] e Azul [AZUL4] decolam após anúncios de financiamento e acordo

As aéreas Gol [GOLL4] e Azul [AZUL4] decolaram na última segunda-feira (06). Os papéis da primeira avançaram mais de 23%, depois que a empresa comunicou o financiamento de US$ 1,4 bilhão da Abra por meio de bonds.  As ações da Azul subiram ainda mais, 40,63%, após a companhia informar que fechou acordo para pagar parte considerável de uma dívida que chega a R$ 4,5 bilhão. 

Tanto o anúncio da Gol quanto da Azul foram bem recebidos pelo mercado, que listava endividamento e alavancagem como principais fatores de preocupação no ano passado.

“Consideramos as notícias positivas para a Gol, dado que cerca de US$ 1,1 bilhão serão trocados por dívidas de prazo mais longo que vencem em 2028”, escrevem os analistas do Santander Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem, em relatório.

Em relação à Azul, o BB Investimentos elevou a recomendação da ação preferencial da companhia de neutro para compra, considerando a reestruturação de passivos e a consistente recuperação operacional, com uma demanda aquecida, anunciadas pela empresa recentemente. O preço-alvo é de R$ 16,50 para o final de 2023, o que corresponde a um potencial alta de 127,9% sobre o fechamento de sexta-feira (03).

Na avaliação do BB Investimentos, os resultados do quarto trimestre de 2022 da Azul são positivos. “A demanda permanece aquecida e sustenta níveis recordes na receita total de R$ 4,4 bilhões no trimestre e R$ 15,9 bilhões em 2022, alta de 19,4% a/a e 59,9% a/a respectivamente”, escreve Renato Hallgren, em relatório.

Caso Azul [AZUL4]

A perspectiva da Benndorf é que, com a renegociação anunciada nesta segunda, a companhia atinja o break-even de fluxo de caixa em 2023, ante uma expectativa de necessidade de caixa de cerca de R$ 3 bilhões anteriormente.

A operação da Azul atingirá 90% do passivo de arrendamento da companhia, categoria que corresponde a quase 80% de toda a dívida da empresa, de acordo com os dados do 3T22.

A reestruturação será paga 40% por meio da emissão de uma dívida mais longa, com vencimento em 2030, dolarizada, e 60% paga em ações de emissão da companhia, explica Christian Oliveira, analista da Levante Corp. De acordo com John Rodgerson, CEO da Azul, a mudança gerará uma redução de R$3 bilhões no consumo de caixa esse ano.

“De fato, a reestruturação é positiva porque gera um grande alívio de caixa no curto prazo. Entretanto, ainda não há detalhes sobre amortização das dívidas ou diluição dos acionistas”, complementa Oliveira.

Segundo Alex Malfitani, CFO da empresa, não haverá diluição, já que o pagamento foi acordado a 8x DL/ EBITDA, em linha com os patamares históricos, mas metade do atual patamar de negociação da empresa.

O objetivo da Azul, de acordo com o analista da Benndorf, é eliminar os diferimentos gerados pela pandemia, além das diferenças de taxas entre as acordadas anteriormente e as atuais do mercado. Em troca, os arrendadores receberão títulos da dívida da empresa com maturação em 2030 e ações da companhia. 

“O acordo reduz a preocupação com o endividamento da companhia, dada a melhora do fluxo de caixa, o que faz o evento impactar positivamente o valor da empresa”, aponta Tahara.

Caso Gol [GOLL4]

O financiamento da Gol é benéfico principalmente por “aliviar a liquidez de curto prazo da empresa, que é um dos principais pontos de preocupação dos investidores, dado o cenário de deterioração”, afirma Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research.

Em maio do ano passado, o MOBI FIA, fundo controlador da Gol, se uniu com os principais acionistas da Avianca Holdings para criar uma holding de capital fechado, a Abra.

Essa holding está fazendo algumas operações cujo objetivo é a reestruturação da dívida da companhia aérea, segundo Oliveira. Uma delas, o financiamento de US$ 1,4 bilhão anunciado nesta segunda.

“Basicamente, a holding fornecerá um empréstimo para a companhia no total de US$1,4 bilhão, com vencimento em março de 2028  A empresa emprestará até US$451 milhões em dinheiro, o que reforçará o caixa da Gol”, explica o analista. O título terá como garantia a propriedade intelectual e marca da Smiles. 

Com a operação, a Gol consegue ganhar “um fôlego maior e alongar a sua dívida”, afirma Oliveira, além de garantir um reforço de caixa de US$451 milhões, que pode ajudar a companhia a renovar a sua frota.

O especialista ainda destaca que os juros da nova emissão são mais favoráveis ao fluxo de caixa da empresa, já que 4,5% será pago no regime caixa, ao passo que os outros 13,5% restantes serão capitalizados no principal.

 

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